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China desenvolve seu próprio reator termonuclear

Cientistas chineses começaram a desenvolver a fusão há quatro décadas, nas montanhas do sudoeste de Sichuan

Por Agencia Estado
Atualização:

A China aproveitará sua participação no projeto internacional do Iter para construir seu próprio reator de fusão termonuclear, com o qual pretende diminuir os problemas energéticos do país, informou nesta sexta-feira a imprensa estatal. "Projetos de cooperação internacional como o Iter nos permitem conhecer de perto as tecnologias mais avançadas do mundo. Uma vez dentro do consórcio mundial, temos direito a compartilhar os conhecimentos de primeira categoria", disse um físico chinês. O último objetivo dos cientistas chineses é "construir reatores de fusão termonuclear com nossos próprios esforços", destacou à agência oficial Xinhua o especialista, que preferiu manter o anonimato. O Iter, programa de cooperação científica internacional mais importante após a Estação Espacial Internacional (ISS), será desenvolvido na cidade francesa de Cadarache. A decisão foi tomada na terça-feira passada em Moscou pelos participantes do projeto: Rússia, Estados Unidos, União Européia (UE), China, Japão e Coréia do Sul. Fusão Em comparação aos atuais reatores nucleares baseados na fissão, os termonuleares reproduzem as reações de fusão presentes no Sol e outras estrelas e, segundo os cientistas, surgem como uma das tecnologias do futuro para gerar energia elétrica renovável, limpa e barata. Segundo a imprensa oficial, cientistas chineses começaram a desenvolver a fusão há quatro décadas, nas montanhas do sudoeste da província de Sichuan, no sul do país. Atualmente, a Academia de Ciências da China está desenvolvendo um protótipo do Iter, o Supercondutor Experimental Avançado Tokomak, avaliado em US$ 24 milhões e cuja finalização está prevista para o fim do ano. "Protótipo imbatível" Segundo um responsável da academia, o protótipo "será imbatível em menos de uma década", já que poderia operar a mais de 100 milhões de graus Celsius e produzir eletricidade. O Iter, que terá uma potência de 500 megawatts, é uma versão melhorada do Tokomak, criado por cientistas soviéticos nos anos 70. Se comprovada sua viabilidade, serão necessários pelo menos 30 anos até que apareçam as primeiras usinas elétricas termonuleares. Apesar de a comunidade científica ter dado boas-vindas ao novo impulso do projeto, as principais organizações ecologistas fizeram críticas. Estas entidades consideram que o projeto é "perigoso", já que a fusão nuclear apresenta os mesmos problemas de armazenamento de resíduos atômicos que a fissão, e "caro", pois precisará de bilhões de euros, sendo 50% contribuídos pela UE e os outros 50% entre os demais sócios em partes iguais.

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