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Cientista brasileiro explica novo estado da matéria nuclear

Plasma de quarks e glúons foi anunciado nos EUA, mas equipes brasileiras participaram dos trabalhos nos últimos anos

Por Agencia Estado
Atualização:

Faz algumas décadas que os cientistas procuravam por ele. A maioria imaginava que era um gás, mas o novo estado da matéria nuclear se mostrou como um plasma. A partir dele, será mais fácil obter respostas para a evolução do Universo até os dias atuais. ?O plasma de quarks e glúons ? os constituintes mais fundamentais da matéria ? é um novo estado da matéria nuclear?, disse Alexandre Suaide, do Grupo de Íons Pesados Relativísticos do Departamento de Física Nuclear da Universidade de São Paulo (USP). ?Foi possível criar esse novo plasma quando comprimimos o núcleo atômico a densidades muito elevadas ? como no interior de estrelas de nêutrons, onde se acredita poder encontrar esse tipo de matéria ? ou quando a temperatura é muito elevada, como logo após o Big Bang?, explicou. É exatamente por esse segundo motivo que a descoberta poderá ajudar no surgimento de novas informações sobre a matéria que existia no início do Universo. Propagação livre Segundo Suaide, a característica principal do plasma é o fato de os quarks e os glúons se propagarem livremente dentro dele. ?Faz tempo que os cientistas procuram por isso. Agora, poderão ser respondidas, também, questões fundamentais sobre as forças que unem a matéria?, afirma. Apesar de o anúncio oficial da descoberta ter sido feito pelo Laboratório Nacional de Bookhaven, nos Estados Unidos, equipes brasileiras participaram dos trabalhos realizados nos últimos anos. ?Essa descoberta é fruto de um acúmulo de informações adquiridas em várias análises nos últimos cinco anos. O nosso grupo, por exemplo, participou ativamente na construção de dois dos mais importantes detectores do experimento Star, um dos quatro que contribuíram para a descoberta?, conta o pesquisador da USP. Surpresa O fato de ser um plasma chegou a surpreender os pesquisadores. A maioria dos modelos teóricos esperava que o plasma, na verdade, tivesse um comportamento de um gás. A propagação livre continuaria existindo, mas com pouca atração. ?Na realidade, a interação entre os quarks e glúons é bastante forte. Isso indica que o mesmo se comporta muito mais como um líquido do que como um gás?, disse Suaide. O professor da USP usa uma experiência hipotética para mostrar a importante diferença. ?Em uma nuvem de fumaça, se você bater palmas a fumaça se desloca ao redor da sua mão. A turbulência gerada pelo deslocamento se propaga pela nuvem de forma apenas modesta. O mesmo processo em uma bacia com água gera um resultado diverso. O outro lado da bacia vai sentir também o impacto, mas de forma muito mais intensa do que no caso da nuvem de fumaça."

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