Cientistas criam microscópio submarino com resolução inédita
Novo equipamento enxerga objetos mil vezes menores que 1 mm e permite observar seres marinhos em seu ambiente natural, em movimento; veja fotos
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Por Fabio de Castro
Atualização:
Cientistas americanos desenvolveram um novo tipo de microscópio submarino, capaz de produzir imagens de alta resolução de organismos marinhos em seu ambiente natural. O estudo que descreve o novo equipamento foi publicado nesta quarta-feira, 13, na revista científica Nature Communications.
Além de fotos, o microscópio produz também vídeos. No estudo, os cientistas apresentaram uma série de vídeos de corais muito pequenos, vivos, com uma resolução inédita.
Veja imagens feitas pelo novo microscópio submarino
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Veja imagens feitas pelo novo microscópio submarino
Um coral Stylophora sob luz fluorescente, fotografado em seu ambiente natural com o telescópio submarino em Eliat, Israel. A imagem é aumentada três v... Foto: Andrew MullenMais
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Coral Pocillopora damicornis, sob iluminação fluorescente. O campo de visão é de 4,2 mm por 3,5 mm. Foto: Andrew Mullen
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O pesquisador Andrew Mullen instala o microscópio submarino. Foto: Emily L. A. Kelly
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O pesquisador Andrew Mullen transporta o novo microscópio submarino para fazer a instalação no leito marinho. Foto: Emily L. A. Kelly
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Imagem de um coral Stylophora, em seu habitat natural, obtida com uma lente objetiva e aumentada cinco vezes. A imagem foi obtida em Eliat, Israel e o... Foto: Andrew MullenMais
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Um coral do gênero Xenia, em Eliat, Israel. O coral, que pulsa continuamente, foi com fotografado pelo microscópio submarino, aumentado três vezes, co... Foto: Andrew Mullen.Mais
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Rhopalaea idoneta é uma ascídia, uma classe de animais que vivem no fundo do mar e filtram a água para se alimentar, também conhecidas como "seringas-... Foto: Andrew Mullen.Mais
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Imagem de um coral Platygyra em seu ambiente natural. O campo de visão é de 1,7 mm por 1,4 mm. Foto: Andrew Mullen.
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A foto mostra a competição entre dois corais, o Platygyra (à esquerda) e o Stylophora (à direita). A imagem foi gravada no habitat natural das espécie... Foto: Andrew Mullen.Mais
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Imagem de um coral Stylophora em seu habitat natural. O campo de visão é de 1,7 mm por 1,4 mm. Foto: Andrew Mullen.
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Imagem de um coral Pocillopora damicornis gravada no laboratório e formada por diversas fotos tiradas com diferentes planos focais, sob luz branca. Os... Foto: Andrew Mullen.Mais
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Imagem com luz fluorescente de um coral Pocillopora damicornis, gravada no laboratório. A fluorescência vermelha é produzida pela clorofila em algas s... Foto: Andrew Mullen.Mais
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Segundo os pesquisadores, da Universidade da Califórnia San Diego, em La Jolla, nos Estados Unidos, a microscopia submarina é desafiadora, porque é preciso usar técnicas de imageamento muito rápidas e precisas, a fim de se adaptar às instabilidades típicas do ambiente marinho, como as correntes.
Para produzir imagens não-invasivas, é preciso que o trabalho seja feito a longa distância, para que os organismos fotografados não sejam perturbados. Embora corais e algas já tenham sido fotografados em laboratórios, muitas informações são perdidas fora do ambiente natural. Por exemplo, detalhes sobre as respostas dos organismos à acidez e à temperatura da água, assim como suas interações com os organismos vizinhos.
Até agora, a máxima resolução obtida sob as águas variava entre 20 e 50 micrômetros. Utilizando um microscópio com lente objetiva de longa distância e iluminação especial, o grupo de cientistas liderado por Andrew Mullen desenvolveu um tipo de microscópio óptico que alcança uma escala próxima de um micrômetro - que equivale a um milímetro dividido por mil. Para se ter uma ideia, a espessura de um fio de cabelo varia entre 60 e 120 micrômetros.
Os cientistas demonstram, no estudo, que o microscópio pode ser operado por mergulhadores ou instalado no solo submarino para filmar sistemas biológicos ao longo de várias horas.
No artigo, os autores ilustram a capacidade do microscópio filmando como diferentes corais competem por espaço - por exemplo, emitindo filamentos quando são ameaçados. Eles também quantificaram como as algas cobrem e colonizam os corais, no processo conhecido como "branqueamento", que está ameaçando, em grande escala, os recifes de corais do planeta. Segundo os autores do estudo, o microscópio submarino pode ajudar a desvendar as interações ecológicas que ocorrem no contexto das mudanças ambientais oceânicas.