Cientistas descobrem o 'elo perdido' do vírus da aids

O estudo dos chimpanzés em seu hábitat natural durou nove anos, no Parque Nacional Gombe

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Por Associated Press
Atualização:

Cientistas acreditam ter encontrado um "elo perdido" na evolução do vírus causador da aids. Ele preenche a lacuna entre um vírus que não faz mal a macacos infectados e outro que mata milhões de pessoas.

 

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O elo é um vírus que está matando chimpanzés na natureza num ritmo alto, de acordo com estudo publicado na edição desta quinta-feira, 23, da revista científica Nature.

 

Chimpanzés são os primeiros primatas, além do homem, em quem se constata uma alta taxa de mortalidade, na natureza, causada por um vírus relacionado ao HIV. Os chimpanzés também são os primatas mais semelhantes ao ser humano.

 

A descoberta da doença afetando esses macacos poderá ajudar os médicos a descobrir melhores tratamentos, ou até mesmo uma vacina, para seres humanos, dizem especialistas.

 

O versão em macacos do vírus que causa a aids é chamada vírus da imunodeficiência símia (SIV), mas a maioria dos macacos e primatas que o adquirem não demonstra sintomas ou doença. Então, "se conseguirmos descobrir por que os macacos não adoecem, talvez possamos aplicar isso aos humanos", diz a principal autora do estudo, Beatrice Hahn, da Universidade do Alabama em Birmingham.

 

O estudo dos chimpanzés em seu hábitat natural durou nove anos, no Parque Nacional Gombe, na Tanzânia, e determinou que chimpanzés infectados com SIV têm uma taxa de mortalidade de 10 a 16 vezes maior que os chimpanzés não infectados. E autópsias dos macacos infectados mortos mostraram contagem baixa de proteínas de leucócitos T, semelhantes aos níveis encontrados em humanos com aids.

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Quando os cientistas analisaram o vírus responsável, descobriram que se trata de um parente extremamente próximo da primeira versão do HIV a infectar seres humanos.

 

"De um ponto de vista evolucionário e epidemiológico, estes dados podem ser encarados como o 'elo perdido' na história da pandemia de HIV", disse o pesquisador de aids Daniel Douek, do Instituto nacional de Alergia e Doenças Infecciosas do governo dos EUA. Ele não tomou parte no estudo apresentado pela Nature.

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