Cientistas descobrem ponto quente no pólo gelado de Saturno

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Por MICHAEL KAHN
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O pólo gelado de Saturno possui um ponto quente de ar comprimido, o que representa uma surpreendente descoberta capaz de jogar luz sobre os planetas pertencentes ou não ao Sistema Solar, afirmaram pesquisadores na quinta-feira. Os cientistas já sabiam da existência de um ponto quente no pólo ensolarado de Saturno, mas dados enviados pela sonda Cassini mostraram agora que o pólo invernal, onde a luz do Sol não chega, também possui um ponto quente, disse Nick Teanby, cientista que participou do estudo. "Com a missão Cassini, pudemos ver também o pólo gelado, que não conseguíamos ver da Terra por causa da inclinação do planeta", afirmou Teanby, da Universidade de Oxford. "Não esperávamos encontrar um ponto quente no norte." O ponto quente consiste basicamente em uma região pequena e estreita na qual a temperatura é mais alta do que a do gás circundante, escreveu a equipe de pesquisadores na revista Science. Os cientistas disseram que o ponto quente do sul teria sido formado provavelmente pelos raios do Sol, mas acrescentaram que o ar descendente e comprimido existente na atmosfera oferecia uma explicação melhor para o recém-descoberto ponto quente no pólo norte. "Acreditamos que ele se deve ao ar vindo do alto para uma área de menor altitude", afirmou Teanby, em uma entrevista concedida por telefone. "A massa de ar esquenta ao ser comprimida --como o ar de um pneu de bicicleta." Os pesquisadores conseguiram medir diferentes temperaturas usando os espectrômetro infravermelho da Cassini, que registra a intensidade da radiação emitida pela atmosfera de Saturno. A Cassini partiu da Terra em 1997 com a missão de pesquisar o planeta. Imagens reconstruídas mostraram o ponto quente no centro do redemoinho do pólo norte do planeta. O redemoinho é formado pelo ar que se movimenta de forma circular e em alta velocidade por essa região de Saturno. "Conseguimos investigar a área mais alta da atmosfera", afirmou Teanby. As descobertas também podem ajudar os cientistas a compreenderem melhor outros planetas gasosos do Sistema Solar, como Júpiter. E contribuiriam para o estudo do crescente número de planetas novos e recém-descobertos que orbitam estrelas que não o Sol. Até agora, há mais de 230 desses exoplanetas, como são chamados. "Se conseguirmos compreender o que acontece na atmosfera, podemos usar isso com outros planetas do Sistema Solar e com os planetas de fora dele que estamos descobrindo", disse. REUTERS ES

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