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Cientistas discutem censo da vida marinha

Projeto internacional de dez anos, com mais de 2 mil cientistas, está perto do fim

Por Da BBC Brasil
Atualização:

Cientistas de todo o mundo reúnem-se nesta terça-feira na cidade espanhola de Valência para discutir o Censo da Vida Marinha, um projeto de 10 anos que estuda os seres que vivem nos oceanos. O primeiro Censo da Vida Marinha deve ficar pronto em 2010, em um trabalho que envolve mais de 2 mil cientistas de 82 países diferentes. Na véspera do encontro, os pesquisadores do projeto divulgaram novas imagens de espécies que foram fotografadas e estudadas neste ano. Os cientistas passaram os últimos oito anos pesquisando diferentes aspectos da vida marinha, inclusive descobrindo novas espécies e revelando as origens de alguns animais. Origem de polvos Segundo os pesquisadores, o objetivo do Censo é avançar nas tecnologias que permitem as descobertas no mar, organizar e tornar acessível o conhecimento sobre vida marinha, medir o efeito que as atividades humanas têm no oceano e fornecer dados científicos para políticas ambientais. O principal foco dos últimos dois anos do projeto será sintetizar todos os dados já coletados, afirma o coordenador do Censo da Vida Marinha Antártica (CAML, na sigla em inglês), Don O'Dor. O CAML é um dos projetos que integra o Censo da Vida Marinha. Uma das pesquisas que está no censo - e que deve ser apresentada em Valência esta semana - afirma que muitos dos polvos que vivem em grandes profundidades evoluíram de uma espécie que ainda existe nas águas frias próximas da Antártida. Os pesquisadores acreditam que as criaturas evoluíram depois de serem levadas por correntes para outros oceanos há 30 milhões de anos. "Muitos dos polvos foram coletados de altas profundidades em projetos diferentes do Censo da Vida Marinha", disse O'Dor à BBC. Os dados foram repassados para a bióloga Jan Strugnell, do British Antarctic Survey (BAS), um centro de pesquisas de Cambridge, na Grã-Bretanha, que realizou análises de DNA dos polvos. A pesquisa de Strugnell concluiu que muitas características dos polvos têm a mesma origem - a espécie Megaleledone setebos que existe há 30 milhões de anos nas águas da Antártida. A cientista também analisou diferentes correntes que difundiram os polvos para outros oceanos. O estudo sobre a origem dos polvos é apenas um dos projetos que integra o Censo da Vida Marinha. "Muitos dos nossos projetos já foram concluídos, e nós temos muitos dados", afirma O'Don. "O que nós estamos fazendo agora é reunir toda essa informação em uma forma que ela possa ser compreendida pelas pessoas, para que elas vejam o quanto nós aprendemos sobre o oceano e os seres que o habitam." Segundo Patrícia Miloslavich, outra coordenadora do Censo, com as pessoas cada vez mais preocupadas com aquecimento global, o trabalho dos cientistas pode ajudar a determinar o impacto que a atividade humana terá nos oceanos nos próximos anos. O conselho que coordena os trabalhos internacionais dos cientistas também vai discutir esta semana o segundo Censo da Vida Marinha, que será elaborado entre 2010 e 2020. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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