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Cientistas eliminam fator cancerígeno de célula-tronco

Por MAGGIE FOX
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Os pesquisadores que descobriram como produzir células-tronco a partir de células cutâneas comuns disseram na sexta-feira que encontraram uma forma de eliminar um ingrediente cancerígeno da fórmula --ainda que tornando-a menos eficaz. Shinya Yamanaka, da Universidade de Kyoto (Japão) disse que a descoberta, publicada na revista Nature Biotechnology, demonstra que o avanço das células-tronco, por mais excitante que seja, está longe de ser utilizável em humanos. Neste mês, as equipes lideradas por Yamanaka e por James Thomson, da Universidade de Wisconsin (Madison, EUA) anunciaram separadamente o uso de quatro genes para transformar fibroblastos (um tipo de célula cutânea) em células-tronco pluripotentes induzidas --ou células iPS. Essas células têm pelo menos parte das propriedades das células-tronco embrionárias, mas sem precisar empregar a polêmica tecnologia de clonagem. Com a nova descoberta, é possível que no futuro as pessoas possam usar suas próprias células para regenerar órgãos e tecidos. A equipe de Yamanaka, em colaboração com o Instituto Gladstone de Doenças Cardiovasculares, de San Francisco, usou genes diferentes dos da equipe de Thomson. Um dos quatro genes presentes no coquetel de Yamanaka era o c-Myc1. Eles cultivaram ratos com as novas células, mas depois descobriram que os animais ficavam propensos a tumores. Então resolveram deixar a c-Myc1 de fora. Funcionou, mas só com metade da eficácia. "Os ratos derivados das células iPS não-Myc não desenvolveram tumores durante o período de estudo", escreveram. "Futuros estudos são necessários para determinar se esses ratos desenvolvem tumores mais tarde. Além disso, geramos células iPS humanas de fibroblastos dérmicos adultos sem Myc." Ambas as equipes dizem ainda estar aperfeiçoando a receita que faz o relógio das células cutâneas retroagir, de modo que elas se comportam como embriões humanos com poucos dias de vida --com apenas oito células, por exemplo, cada uma capaz de dar origem a qualquer órgão ou tecido. A equipe de Yamanaka disse ser possível que os outros três genes usados --chamados Oct3/4, Sox2 e Klf4-- possam de alguma forma ativar o Myc naturalmente encontrado nas células cutâneas. A nova técnica agradou políticos que se opõem às pesquisas com embriões-humanos, por considerá-las antiéticas. Mas a maioria dos cientistas considera importante manter as pesquisas com todos os tipos de células-tronco.

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