De acordo com a primeira análise de infravermelho já realizada da atmosfera de Tritão, uma das luas de Netuno, o verão chegou com toda força ao hemisfério sul do astro. Uma equipe europeia, usando o Telescópio Muito Grande do Observatório Europeu Sul (ESO), descobriu monóxido de carbono e fez a primeira detecção de metano no satélite já obtida a partir da superfície terrestre. As observações mostram que a densidade da atmosfera varia com as estações, aumentando no calor.
"Encontramos evidências reais de que a presença do Sol ainda se faz sentir em Tritão, mesmo tão longe. A lua gelada tem estações como temos na Terra, mas elas mudam muito mais devagar", disse Emmanuel Lellouch, principal autor do artigo que descreve os resultados, publicado na revista Astronomy & Astrophysics.
Ilustração da superfície de Tritão, com Netuno e o Sol ao fundo. Divulgação/ESO
Em Tritão, onde a temperatura média da superfície é de 235º C negativos, o hemisfério sul encontra-se atualmente no verão e o norte, no inverno. à medida que a parte meridional do planeta se aquece, a fina camada de nitrogênio, metano e monóxido de carbono congelada na superfície sublima-se, aumentando a densidade da atmosfera.
Uma estação de Tritão dura mais de 40 anos. Netuno tem uma órbita de 165 anos ao redor do Sol. O solstício de verão na lua ocorreu em 2000.
Com base na quantidade de gás medida, Lellouch e seus colegas estimaram que a pressão atmosférica de Tritão multiplicou-se por quatro na comparação com os valores medidos pela sonda Voyager 2 em 1989, quando ainda era primavera.