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Cientistas identificam "nuvem marrom" sobre a Ásia

Por Agencia Estado
Atualização:

Um grupo de climatologistas patrocinado pela ONU declarou, ontem, ter identificado a "nuvem marrom asiática". De acordo com os especialistas, esse nevoeiro flutuante de 10 milhões de milhas quadradas e três quilômetros de espessura de poluição causada pelo homem está se espalhando por todo o continente asiático e bloqueando até 15% da luz do Sol. Liderado pelo professor Paul Grutzen, cujo trabalho sobre o buraco na camada de ozônio lhe valeu o Prêmio Nobel de Ciência de 1995, o grupo descobriu que a nuvem poderá ser soprada, na estratosfera, em volta de meio mundo, em menos de uma semana. Segundo os cientistas, com os combustíveis fósseis queimados pelo homem afetando cada vez mais o clima global, segundo se presume, a nuvem marrom torna mais complexas as tentativas dos cientistas de compreender o clima no nível regional. Ontem, o professor V. Ramanathan, do Instituto Oceanográfico US Scripps, que pesquisou o fenômeno durante cinco anos, afirmou que não se trata de um problema exclusivamente asiático. "Julgávamos que o aquecimento global fosse o único impacto causado pelos seres humanos sobre o clima. Mas agora sabemos que a questão é mais complexa. A nuvem marrom mostra que as atividades do homem estão tornando o clima mais imprevisível por toda a parte. Gases causadores do efeito estufa, como o gás carbônico, são distribuídos uniformemente, mas as partículas da nuvem marrom agravam a imprevisibilidade no mundo inteiro", afirmou Ramanathan. A nuvem é descrita como uma mistura de poluentes de veículos e industrias, monóxido de carbono, e partículas diminutas de fuligem ou de cinzas procedentes da queima regular de florestas e de madeira usada para cozinhar em milhões de residenciais rurais. A pesquisa mais recente encomendada pela ONU a mais de 200 cientistas que trabalham em diversos países indicam que, no seu auge sazonal, usualmente em janeiro, a fuligem existente na nuvem rebate a luz do sol de volta para a estratosfera e evita a evaporação do mar, o que resulta em menos chuvas. Presume-se que isso, por sua vez, esteja afetando as chuvas de monções, que determinam os resultados da agricultura e afetam adversamente a saúde e a vida de até três bilhões de pessoas em toda a Ásia.

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