Cientistas mexicanos usam tequila para produzir diamantes

Experiência usou acetona, etanol, metanol e a tradicional bebida alcoólica para criar os micro cristais

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Por Redação
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Pesquisadores da Universidad Nacional Autónoma de México (Unam) conseguiram produzir diamantes a partir de acetona, etanol, metanol e tequila e agora estudam as particularidades dessa bebida alcoólica, tradicional na formação de cristais, disse nesta quinta-feira, 16, um dos cientistas.   O líder do projeto, o doutor em física Luis Miguel Apátiga, disse em entrevista à Agência Efe que a "curiosidade científica" o levou a produzir diamantes microscópicos a partir da tequila.   Segundo ele, a história da descoberta remete a 1995, quando esses cientistas da Unam investigavam uma maneira de obter diamantes a partir de gases de hidrocarbonetos comuns como o metano, acetileno e o butano.   No final do século passado, conseguiram passar esses gases por uma fonte de energia, romper as moléculas do gás em fragmentos menores e obter átomos de carvão, que foram depositados em um substrato sobre o qual formaram estruturas de diamantes em escala nanométrica.   A primeira aplicação que encontraram para o experimento foi utilizar os diamantes como detectores de radiação, já que são muito sensíveis à luz ultravioleta.   "Detectamos vários tipos de radiação de partículas alfa, beta e ultravioleta, e fizemos algumas publicações em revistas como 'Journal of Material Science' e 'Materials Letters'", precisou Apátiga.   Em 2007, Apátiga se mudou para um campus da Unam na cidade de Querétaro, no centro do México, onde retomou as pesquisas.   No entanto, em vez de utilizar gases, empregou líquidos como a acetona, etanol e metanol, acrescentando também água e introduzindo em equipamentos desenvolvidos na Lituânia para produção de cerâmica.   O mecanismo aquece o líquido a 280 graus e o evapora, depois o leva a uma câmara com uma temperatura de 800 graus, onde as moléculas do vapor se rompem em fragmentos menores, nos quais há átomos de carvão, hidrogênio e oxigênio pela água.   Como às vezes utilizava 40% de etanol e 60% de água na mistura, proporção similar a encontrada na tequila, Apátiga tentou usar a bebida alcoólica.   "Um dia passei em uma loja perto do campus da universidade e comprei uma garrafa de tequila, fizemos o experimento e na primeira tentativa correu tudo bem", lembrou.   Agora os cientistas mexicanos estudam a razão pela qual os diamantes obtidos com a tequila têm uma forma menos circular que os demais produzidos com compostos puros.   "Estamos vendo se os compostos da tequila podem ter algum papel na síntese do diamante", assegurou.

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