Cientistas recriam voz de múmia egípcia de 3 mil anos; ouça

Som de apenas 1 segundo reproduz breve fala do sacerdote Nesyamun; trabalho foi publicado na revista 'Scientific Reports'

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Por Redação
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LONDRES - Pesquisadores britânicos divulgaram um som que reproduz a voz de um múmia egípcia de 3 mil anos. Os cientistas recriaram o trato vocal por meio de um scanner médico, uma impressora em 3D e uma laringe eletrônica

Cientistas fizeram estudo com a múmia do sacerdote egípcio Nesyamun Foto: Leeds Teaching Hospitals/Leeds Museums and Galleries/The New York Times

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O resultado foi publicado nesta quinta-feira, 26, em um artigo na revista Scientific Reports. Segundo os autores, a técnica permitiu produzir um único som - algo entre as palavras em inglês "bad" (mau) e "bed" (cama). O áudio tem apenas um segundo.

Ouça a voz da múmia do sacerdote egípcio Nesyamun:

De acordo com os pesquisadores, o som misterioso provavelmente não seja uma reprodução perfeita da voz do sacerdote egípcio Nesyamun, já que o corpo mumificado perdeu grande parte da língua ao longo dos últimos três milênios.

"Fizemos um som fiel para o trato vocal no estado em que se encontrava, mas não esperávamos uma reprodução exata da fala, dado o estado da língua", afirmou o coautor do estudo David M. Howard, da Universidade Royal Holloway de Londres, no Reino Unido.

Os autores explicam que o modelo criado não é suficiente para formar palavras ou frases inteiras. 

"Mas isso é algo que está sendo trabalhado, então será possível um dia", projetou Howard.

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Especialista em reconstrução de tórax, Rudolf Hagen, otorrinolaringologista do Hospital Universitário de Wuerzburg, na Alemanha, expressou ceticismo sobre a pesquisa.

"Até a medicina de ponta luta para dar às pessoas vivas sem tórax uma voz 'normal'", disse Hagen, que não participou do projeto.

Os cientistas recriaram o trato vocal da múmia por meio de um scanner médico, uma impressora em 3D e uma laringe eletrônica Foto: David Howard/Royal Holloway, University of London/The New York Times

Experiência multidimensional

Outro coautor do estudo, o arqueólogo John Schofield, da Universidade de York, no Reino Unido, defendeu que a técnica possa ser usada para ajudar a população a interpretar o patrimônio histórico.

"Quando as pessoas encontram o passado, normalmente é uma experiência visual. Com essa voz, podemos mudar e tornar a sensação mais multidimensional", afirmou Schofield. "Não há nada mais pessoal do que a voz de alguém, então pensamos que ouvir uma voz muito antiga seja uma experiência inesquecível, fazendo com que lugares históricos como Karnak, o templo onde vivia Nesyamun, ganhem vida." /AP

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