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Cobertura de gelo no Ártico é a menor em um século

Imagens de satélite mostram desde 2002 um processo de degelo incomum em áreas do norte da Sibéria e do Alasca

Por Agencia Estado
Atualização:

A camada de gelo do Ártico derreteu pelo quarto ano consecutivo e ficou reduzida à menor área em um século, segundo novos dados divulgados por cientistas americanos. As imagens de satélite mostram desde 2002 um processo de degelo incomum em áreas do norte da Sibéria e do Alasca durante o começo da primavera no hemisfério norte. Essa tendência se acentuou em 2005, passando a incluir o total da camada de gelo do Ártico, segundo o Centro Nacional de Dados sobre o Gelo e a Neve, que dirigiu o estudo, do qual também participaram especialistas da Nasa e da Universidade de Washington. O grupo de pesquisa utilizou dados de satélite disponíveis desde 1978 e descobriu que o degelo da primavera e do verão de 2005 começou aproximadamente 17 dias antes do normal, o que representa um novo recorde. 20% menor Os cientistas afirmaram que o degelo está ligado a uma alta das temperaturas, que por sua vez poder ter relação com um aumento da presença dos gases que provocam o efeito estufa. A equipe que participou do estudo disse que a superfície da camada de gelo em setembro deste ano é 20% inferior à média registrada entre 1978 e 2001. O relatório alerta que se o degelo continuar no ritmo atual, o verão no Ártico pode ficar totalmente sem gelo até o final deste século. Os pesquisadores atribuíram o fenômeno ao acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera. A maior parte da comunidade científica considera que os gases que provocam o efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2) emitido principalmente por veículos e chaminés de fábricas, são responsáveis pelo aquecimento, já que deixam o calor solar preso na atmosfera. Insetos e doenças A maior rapidez dos ciclos de gelo e degelo dificulta a busca de alimentos pelos animais no Ártico, enquanto a maior freqüência de invernos mais úmidos e menos frios influenciam negativamente sua taxa de fecundidade, porque eles estão cada vez mais submetidos a picadas de insetos e doenças, segundo especialistas. Eles apontam o risco de um rápido desaparecimento de espécies árticas e sub-árticas, assim como de outras latitudes. Segundo ecologistas reunidos nesta semana na cidade escocesa de Aviemore, um relatório do Ministério de Agricultura e Meio Ambiente britânico destinado indica que na tundra sub-ártica, espécies como a rena estão ameaçadas. Ursos afogados Algo parecido ocorre a outras espécies como o urso polar, até pouco tempo atrás rei das planícies árticas, mas cada vez mais ameaçado pela destruição de seu habitat natural. A diminuição das camadas de gelo e o prolongamento do verão ártico obrigam esses ursos a buscar comida nos lugares povoados pelo homem. Muitos ursos se afogam após nadar centenas de quilômetros em busca de alguma camada de gelo flutuante à qual se agarrar, segundo testemunho dos caçadores, que encontram cadáveres. No ano passado, os caçadores encontraram pelo menos seis ursos polares que tinham se afogado a cerca de 320 quilômetros ao norte de Barrow, no litoral norte do Alasca, em uma tentativa desesperada de chegar à margem. Segundo o relatório britânico, quatro de cada cinco aves migratórias que estão na lista da ONU se vêem ameaçadas por problemas como a seca ou a desertificação.   mudanças climáticas

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