Cobra de duas cabeças é encontrada na Espanha

Um fazendeiro na cidade de Alicante, no sudeste da Espanha, encontrou a cobra em fevereiro. O animal foi transferido para Valencia na última semana. Agora vive em uma jaula de vidro, com uma câmera que filma todos os movimentos de suas duas línguas e de seus quatro olhos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cientistas que estudam uma cobra de duas cabeças encontrada na Espanha por um agricultor têm montes de perguntas: uma cabeça dá ordens à outra? Essa criatura conseguirá encontrar um parceiro? A maior atração do zoológico da Universidade de Valencia tem 25 centímetros e é uma cobra-escada (Elaphe scalaris), uma espécie mal-humorada e dentuça, mas não-venenosa, nativa de Espanha, Portugal e França. Costuma comer insetos, lagartos, pequenos roedores e pássaros. Um fazendeiro na cidade de Alicante, no sudeste da Espanha, encontrou a cobra em fevereiro. O animal foi transferido para Valencia na última semana. Agora vive em uma jaula de vidro, com uma câmera que filma todos os movimentos de suas duas línguas e de seus quatro olhos. Até agora, parece que as duas cabeças estão se entendendo bem, comendo e se movendo independentemente, diz Vicente Roca, biólogo de Valencia. A cobra tem apenas nove meses de idade e ainda é muito cedo para dizer se é macho ou fêmea. O animal é cinza-claro, com linhas escuras que vão desde a cabeça à ponta do rabo e linhas transversais que se ligam àquelas. Daí o nome ?escada?, embora os ?degraus? desapareçam com a idade, à medida que a cobra fica marrom-claro. Elas podem atingir até um metro e 60 centímetros de comprimento quando adultas. Cobras de duas cabeças são muito raras, mas não inéditas - já houve casos de exemplares encontrados em Honduras, Sri Lanka e na Argentina. Gordon Burghardt, um psicobiologista da Universidade de Tennessee e estudioso do comportamento de cobras, que está participando do projeto na Espanha, disse que estudou duas cobras de duas cabeças ao longo dos anos e que, em ambos os casos, elas eram tão autônomas que até brigavam por comida. Este comportamento torna a alimentação um processo perigoso, porque deixa a cobra vulnerável a predadores como raposas e águias. A cobra de duas cabeças tem menos mobilidade do que as outras, então, em seu habitat natural, tendem a não viver muito. Burghardt diz que a expectativa de vida dessas cobras é quase nula. Os biólogos estão animados com o espécime espanhol. Esperam determinar se elas têm aparelhos digestivos separados e se uma cabeça domina a outra ou se as duas agem juntas. Em um caso anterior, na América Latina, uma das cabeças era totalmente submissa, mas Burghardt diz que, no caso dos dois exemplares que estudou - ambos já mortos, embora um tenha vivido 20 anos, a cabeça da direita dominava ligeiramente a da esquerda. E ainda há a questão da reprodução. Uma vez que a cobra se acostume ao lugar e seu sexo seja determinado, os cientistas vão colocá-la junto com um exemplar de uma cabeça do sexo oposto e observar o acasalamento. ?Pode-se dizer que essa cobra vai ter problemas para marcar um encontro?, diz Roca. O Zoológico de San Diego, na costa oeste dos Estados Unidos, teve uma cobra de duas cabeças batizada de "Thelma e Louise" (referência a um filme sobre as aventuras vividas por duas amigas). "Thelma e Louise" teve cinco filhotes normais antes de morrer.

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