Colisão de íons imita primeiros instantes do universo

A 99,995% da velocidade da luz, encontro de partículas recriou estado de matéria encontrada no breve instante seguinte ao Big Bang

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Por Agencia Estado
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A colisão de íons de ouro produzido por um acelerador de partículas reproduziu, durante um breve instante, o plasma de quark e glúon, fluido perfeito idêntico ao gerado logo após o Big Bang, anunciou nesta segunda-feira uma equipe de pesquisadores do laboratório Nacional de Brookhaven, EUA. O acelerador do laboratório tem túneis magnéticos de 3,86 quilômetros. Dentro deles, uma partícula é capaz de viajar a impressionantes 99,995% da velocidade da luz (cerca de 300 mil km/s no vácuo). Ao iniciar a pesquisa, os cientistas esperavam que a colisão produzisse uma dispersão das partículas em forma de gases. Ao contrário, contudo, elas se manifestaram em forma de um fluido perfeito, sem turbulências e variações de trajetória aleatórias. De acordo com Sam Aronson, diretor adjunto de Física Nuclear e de Alta Energia de Brookhaven, a pesquisa resultou na formação de "um novo estado da matéria", embora por um instante ínfimo (menos de um setilionésimo de segundo). "A colisão imitou assim o ocorrido com o universo há 13 bilhões de anos, quando quarks e glúons se esfriaram e formaram as formas de matéria que conhecemos hoje", explicou Aronson. O encontro das partículas de ouro gerou uma temperatura de centenas de milhões de vezes àquela encontrada no interior do Sol. Aronson e seus colegas apresentaram os resultados nesta segunda-feira, durante reunião da Sociedade de Física dos EUA, em tampa, na Flórida. Os cientistas trabalharam sobre a teoria de uma explosão primária, a grande explosão (Big Bang), que é atualmente a mais aceita para o início do universo. Segundo a teoria, por um brevíssimo instante após a explosão, toda a matéria esteve em forma líquida, um plasma de glúons e quarks.

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