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Com uma só injeção, cientistas bloqueiam HIV em macacos

Pesquisadores americanos e alemães testaram inoculação direta de quatro anticorpos em animais, que ficaram imunes por 6 meses

Por Fabio de Castro
Atualização:
Pesquisadores do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas Foto: Malcom Martin / NIH / NIAID

Com uma única injeção de potentes anticorpos anti-HIV, cientistas conseguiram tornar macacos imunes à infecção pelo vírus por pelo menos seis meses, de acordo com um artigo publicado nesta quarta-feira, 27, na revista Nature.

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O estudo, feito por cientistas dos Estados Unidos e da Alemanha, testou quatro anticorpos diferentes. Um deles já começou a ser testado em humanos, no Brasil, no Peru e nos Estados Unidos, em testes clínicos coordenados pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) americanos.

Segundo os autores do estudo, liderado por Malcolm Martin, do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas de Bethesda, em Maryland (Estados Unidos), a pesquisa é um passo importante para o desenvolvimento de uma alternativa às vacinas, que permita prevenir a infecção em humanos.

De acordo com Martin, as vacinas, em geral, baseiam-se na inoculação de versões amenizadas dos vírus para que o organismo humano produza anticorpos contra eles. A alternativa seria a inoculação direta dos anticorpos periodicamente.

"O nosso estudo é o primeiro a mostrar que uma única injeção desses anticorpos monoclonais podem prevenir a infecção e a doença, tornando-os uma alternativa viável para uma vacina contra o HIV", disse Martin.

No experimento, os cientistas administraram um única dose do anticorpo em três grupos de seis macacos e os infectaram semanalmente com o vírus. Todos ficaram protegidos por pelo menos 23 semanas.

Testes. Os autores sugerem que uma combinação de vários anticorpos poderia se usada para bloquear a transmissão do HIV. "Estamos dando um passo de cada vez. Agora que mostramos a eficácia dos anticorpos para proteger os macacos, vamos testar cada um deles em humanos", afirmou Martin.

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No dia 7 de abril, a NIH anunciou o início do recrutamento de 2,7 mil pessoas que participarão da primeira fase dos testes clínicos com o anticorpo VRC01 - um dos quatro testado em macacos no estudo - no Brasil, Peru e Estados Unidos. Segundo Martin, uma segunda fase dos testes clínicos será feita em vários países africanos. Os resultados deverão estar prontos em 2022.

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