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Congresso de bioética discute a criação do homem imortal

Na conferência sobre ?Genoma, o valor da vida e direitos humanos?, o professor da Universidade de Manchester John Harris deve anunciar que ?estamos no limiar de uma era onde podemos, literalmente, criar imortais?

Por Agencia Estado
Atualização:

A criação de homens imortais será um dos principais pontos discutidos no 6º Congresso Mundial de Bioética, que ocorre em Brasília até o próximo domingo e cujo tema é ?Bioética, poder e injustiça?. Na conferência sobre ?Genoma, o valor da vida e direitos humanos?, o professor da Universidade de Manchester John Harris deve anunciar que ?estamos no limiar de uma era onde podemos, literalmente, criar imortais?. A bioética estuda os problemas éticos relativos às pesquisas biológicas e suas aplicações por pesquisadores e médicos. Harris vai discutir a ética e as implicações dos direitos humanos quanto às células embrionárias e a clonagem humana. Nesta sexta-feira, um dos principais temas será a doação e transplantes de órgãos, e será discutido, por exemplo, o conceito de morte. O bioeticista, sanitarista e ex-senador italiano Giovanni Berlinguer vai falar também sobre o comércio ilegal de órgãos humanos. O encontro, que reúne mais de mil congressistas, vai analisar uma das mais agudas contradições da sociedade contemporânea. De acordo com os organizadores, além do alto custo das novas tecnologias, interesses mercadológicos substituíram as necessidades vitais na definição das prioridades no campo da pesquisa científica. ?Aids e malária matam aproximadamente o mesmo número de pessoas por ano, mas os investimentos na primeira são 50 vezes maiores do que na segunda. Os problemas da pobreza não comovem o mundo financeiro?, afirma o presidente do congresso, professor Volney Garrafa. Segundo os organizadores, ?ao mesmo tempo em que a expectativa média de vida nos países ricos já alcança os 80 anos, em muitas nações pobres mal chega aos 40?, diz Garrafa. Para ele, a bioética ?torna-se concretamente prática, aplicada, buscando mecanismos mais fortes de posicionamento e, se possível, de intervenção na realidade?. O número de trabalhos científicos recebidos pela Comissão Organizadora ultrapassou as expectativas. Entre as quase 600 propostas apresentadas, foram selecionados 288 temas livres, que estão sendo apresentados concomitantemente em 16 salas, divididas por temas e por idioma ?- inglês, espanhol e português ?- e 140 painéis. Nesta quinta-feira, a discussão foi sobre os últimos desenvolvimentos da eutanásia, ou seja, a morte assistida e as novas tecnologias e implicações éticas da reprodução assistida. Outro tema foram os limites e novas fronteiras da genética. Neste sábado, além da imortalidade, será discutido o valor da vida e dos direitos humanos e a pesquisa genética e as implicações para a saúde e a vida humana. No domingo, a mesa redonda tratará do poder econômico e pesquisa com seres humanos. Nesta sexta-feira, outro tema será bioética e saúde pública, versando sobre poder e injustiça na saúde pública, saúde pública e direitos humanos e como priorizar recursos escassos em países em desenvolvimento.

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