O principal órgão de defesa dos direitos humanos da Europa decidiu nesta quinta-feira, 4, pedir às escolas de todo o continente que combatam firmemente o ensino do criacionismo e do "design inteligente" nas aulas de ciência. A Assembléia Parlamentar do Conselho da Europa aprovou uma resolução dizendo que os ataques à teoria da evolução estão enraizados no "extremismo religioso" e são uma investida perigosa contra a ciência e os direitos humanos. O texto diz que as escolas européias devem "resistir à apresentação de idéias criacionistas em qualquer disciplina que não seja a religião". Pelo criacionismo, Deus criou o mundo em seis dias, como descrito na Bíblia. O "design inteligente" argumenta que algumas formas de vida são complexas demais para terem evoluído segundo a teoria de Charles Darwin, da seleção natural, e que por isso precisariam de uma inteligência mais elevada para ter surgido. "O objetivo desse documento é advertir contra a tentativa de fazer uma crença - o criacionismo - passar por ciência", disse Anne Brasseur, integrante da Assembléia, de Luxemburgo. "Seu objetivo não é combater nenhuma crença." A votação deveria ter acontecido em junho, mas foi adiada porque alguns membros acharam que o texto equivalia a um ataque à fé religiosa. Foram feitas algumas mudanças para deixar claro que a determinação não é contra a religião. A resolução, aprovada por 48 votos a 25, com três abstenções, não é de cumprimento obrigatório pelos 47 países membros do conselho, mas reflete a grande oposição dos políticos ao ensino do criacionismo em aulas de ciências. Conservadores dos Estados Unidos fazem uma campanha contra o ensino da teoria da evolução nas escolas públicas dos EUA, mas os tribunais norte-americanos vêm impedindo que eles ensinem a teoria criacionista. A pressão em prol do ensino do criacionismo é bem menor na Europa, mas vem crescendo. Um escritor turco, Harun Yahya, vem distribuindo seu livro criacionista islâmico Atlas da Criação para escolas em vários países.