Consumo europeu agrava desmatamento na Amazônia

Relatório mostra que pastos e gado invadem a floresta para atender à demanda crescente por carne na Europa

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Por Agencia Estado
Atualização:

O consumo de carne bovina na Europa é um dos principais fatores de devastação da Floresta Amazônica, afirma o Centro Internacional de Pesquisa sobre Florestas (Cifor, na sigla em inglês), que elaborou documento com dados de 2003. Segundo o relatório, o Brasil intensificou a atividade pecuária para atender os europeus, preocupados com a Doença da Vaca Louca e a febre aftosa, e isso fez os produtores avançarem sobre a floresta com seus pastos. Pelo menos 25 mil km² foram desmatados no ano passado, conforme levantamento feito com o uso de satélites. O volume é 40% maior do que o de 2002. "O desmatamento está sendo fomentado pelas exportações de carne bovina, com os pecuaristas fazendo picadinho da floresta tropical", disse David Kaimowitz, diretor-geral da Cifor e um dos autores do relatório. O estudo faz projeções pessimistas para 2004, também levando em conta o contínuo crescimento da demanda européia por carne bovina brasileira. A União Européia agora importa do Brasil quase 40% das 578 mil toneladas de carne bovina que consome por ano. Rússia, Egito e Arábia Saudita importam 35% e os Estados Unidos, 8% - por conta de medidas protecionistas. O número de cabeças de gado na Amazônia chegou a 57 milhões em 2002, mais que o dobro do que havia em 1990. "Nas décadas de 1970 e 80, a maior parte da carne da Amazônia era produzida por pequenos pecuaristas que vendiam aos matadouros locais. Agora, grandes pecuaristas ligados aos grandes mercados estão visando o Brasil inteiro e o mercado global", disse Kaimowitz. A extração de madeira contribuiu somente indiretamente para o desmatamento, conforme o relatório.

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