
11 de agosto de 2014 | 16h20
A dor é de todo tipo e intensidade. Pode ter a forma crônica da artrite ou o aperto repentino da parada cardíaca; a dor é o motivo principal de uma ida a um hospital. Agora, é possível que os médicos tenham de observar a cor dos olhos dos pacientes antes de optar por um tratamento dos seus problemas de saúde. Novas pesquisas mostraram que as mulheres de olhos escuros - castanhos ou esverdeados - reagem de maneira diferente à dor em comparação às de olhos claros - azuis ou verdes.
Na reunião anual da Sociedade Americana da Dor, Inna Belfer, professora assistente de anestesiologia da Universidade de Pittsburgh, apresentou um estudo que relaciona a cor dos olhos a variações de tolerância à dor.
O estudo foi realizado com uma amostra de 58 mulheres grávidas saudáveis do Centro Médico Magee-Womens do Hospital da Universidade de Pittsburgh. Vinte e quatro mulheres foram colocadas no grupo escuro, e as restantes 34 no grupo claro. Belfer e sua equipe avaliaram as reações à dor antes e depois do parto mediante uma variedade de testes quantitativos, questionários e pesquisas padrão.
Os resultados indicaram que as mulheres do grupo escuro tiveram uma reação mais intensa à dor, com aumento da ansiedade e perturbações do sono, do que as do grupo claro.
"Este foi um pequeno estudo piloto, apenas como começo", observou Inna Belfer. "Tudo o que sabemos agora é super limitado - uma hipótese sobre o motivo pelo qual existe esta diferença, a esta altura, seria excessivamente otimista - mas este poderá ser o próximo passo que permita encontrar um fundo genético da dor".
A identificação da cor dos olhos como biomarcador genético dos limiares da dor será vantajoso para a medicina.
"Neste momento, não sabemos quem sofrerá uma dor mais intensa depois de uma cirurgia normal ou se passará a sofrer de dor crônica", disse Belfer. "Este é um problema para os pacientes que estão sofrendo e para a sociedade".
Determinar o indicador visível de uma assinatura genética que prevê a tolerância à dor "contribuirá para identificar os pacientes visados, e quanto mais cedo pudermos identificá-los, melhor será".
Esta não é a primeira pesquisa que relaciona diferenças fenotípicas à dor. Múltiplos estudos correlacionaram o cabelo ruivo à resistência aos bloqueadores de dor e a exigência de doses maiores de anestesia. Belfer e a equipe descobriram também três estudos que ligam a cor dos olhos à atividade psicológica.
A pesquisadora planeja continuar a pesquisa sobre este tema ampliando os estudos a fim de incluir homens, crianças, bem como distinções maiores e mais abrangentes entre os grupos.
Tradução de Anna Capovilla
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