Coreano nega ter falsificado dados sobre clonagem

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Por Agencia Estado
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O primeiro cientista a clonar embriões humanos, o sul-coreano Hwang Woo-suk, garantiu nesta sexta-feira que demonstrará a veracidade de suas descobertas diante das crescentes suspeitas em torno de seu trabalho. "Não há dúvida de que conseguimos produzir 11 células-tronco de embriões humanos clonados de um paciente, e que possuímos a tecnologia para criá-las de novo", disse Hwang em entrevista coletiva na Universidade Nacional de Seul. O cientista respondeu assim às acusações feitas na quinta-feira por um de seus ex-colaboradores mais próximos, de que Hwang havia manipulado os dados de suas investigações e que não existem as tais células-tronco de embriões clonados. O especialista afirmou que seis das células-tronco foram contaminadas com mofo no processo de manutenção, mas ainda restariam cinco congeladas com as quais poderá comprovar a validade de seu trabalho. As conclusões de sua pesquisa científica apareceram na revista Science, mas, de acordo com o especialista, a publicação cometeu vários erros nas fotografias. Teria sido por esta razão que ele pediu a retirada do artigo - e não por admitir fraude, como insinuou o ex-colaborador. Hwang, de 52 anos, chegou ao auge de sua carreira quando, em fevereiro de 2004, anunciou que havia clonado pela primeira vez embriões humanos e extraído células-tronco deles. A pesquisa sobre células-tronco pode levar a tratamentos de doenças como diabete, Parkinson e Alzheimer. Compra de óvulos A polêmica em torno do trabalho de Hwang começou em novembro, quando foi revelado que seus colaboradores haviam pagado mulheres doadoras para conseguir óvulos. Também se descobriu que, nas investigações, foram usados óvulos doados por dois membros de sua equipe, o que vai contra os princípios éticos profissionais. O professor pediu perdão e se demitiu de todos os cargos públicos que ocupava e deixou a diretoria do Centro Mundial de Células-tronco, o primeiro banco de células do mundo, inaugurado em outubro na Universidade Nacional de Seul. Posteriormente, um programa da rede de televisão sul-coreana MBC questionou a veracidade das conquistas de Hwang e o acusou de manipular os dados da pesquisa. O escândalo parecia encerrado quando Hwang pediu desculpas na televisão. Os produtores do programa também reconheceram que tinham pressionado suas fontes com métodos ilícitos. Comoção Até que o diretor do hospital Miz Medi em Seul, Roh Sung-il, declarou que não existem células-tronco de embriões clonados de pacientes e acusou de manipulação dos dados da pesquisa para apresentá-la na revista Science. Roh reiterou nesta sexta sua denúncia em uma nova entrevista coletiva e acrescentou que estas irregularidades foram confessadas por um colaborador do professor que agora está nos Estados Unidos. A polêmica em torno de Hwang, considerado um herói nacional, tem comovido os sul-coreanos, já que a maioria tinha depositado sua confiança em seu trabalho, sobretudo os parentes de pessoas com doenças incuráveis. Na Coréia do Sul, foi criada uma organização em apoio ao trabalho do professor. Cerca de mil mulheres manifestaram sua intenção de oferecer óvulos para que possa manter seu trabalho sem entrar em questões éticas. O governo também apoiou o cientista com uma milionária subvenção. Para esclarecer o caso, a Universidade Nacional de Seul anunciou nesta sexta-feira a abertura de uma investigação independente por uma comissão com sete professores da instituição e dois especialistas convidados.

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