A criação de um corredor ecológico, ligando os remanescentes de Mata Atlântica litorâneos de Santa Catarina, será discutida, amanhã, entre os municípios de Bombinhas e Porto Belo, na segunda de uma série de reuniões promovidas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para criação do Corredor Ecológico da Costa Catarinense. A intenção é estabelecer um plano de uso racional do solo e dos recursos naturais da região, extremamente fragilizada por desmatamentos, especulação imobiliária e turismo de massa. Até o início de dezembro, as reuniões contemplarão os sete municípios a serem envolvidos no processo. O corredor terá uma área de cerca de 80 mil hectares, entre a Reserva Biológica de Arvoredo (17.800 hectares) e a Área de Proteção Ambiental (APA) de Anhatomirim (4.700 hectares). Os outros cinco municípios participantes, além de Bombinhas e Porto Belo, são Camboriú, Balneário Camboriú, Itapema, Tijucas e Governador Celso Ramos. Os recursos do Ibama para as ações iniciais de implantação do corredor são de R$ 218 mil. ?Nas reuniões, estamos levantando os problemas e demandas das comunidades e, no início de 2003, através de uma consultoria, faremos um diagnóstico sócio-ambiental, para servir de base para o plano de ação do corredor?, diz Francisco Brito, do Ibama, responsável pela coordenação do processo. ?A gestão ambiental visa aumentar, neste caso, a conectividade entre 4 ilhas, costões rochosos, um trecho de mar e remanescentes de floresta próximos ao litoral, tendo, no seu entorno, também algumas áreas de mangues?. Por ?aumentar a conectividade? entendem-se medidas de proteção, recuperação e conservação da vegetação e de ambientes naturais, usados pela fauna para circular de uma unidade de conservação para outra ou mesmo entre os pequenos remanescentes de vegetação nativa em terras privadas, tendo abrigo e alimento para garantir sua sobrevivência. Esta circulação da fauna é extremamente importante para atenuar os impactos negativos da fragmentação dos ecossistemas, como a perda de biodiversidade e de diversidade genética das espécies. O restabelecimento da conectividade, viabiliza ainda a recolonização por espécies da flora local, através da dispersão de sementes, feita pelos animais ou pelo vento, igualmente importante para reverter alguns efeitos da fragmentação.