Crise europeia ameaça reator de fusão nuclear de US$ 21 bilhões

O braço executivo da União Europeia tenta coordenar uma contribuição extra de 1,4 bilhão de euros

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Por Redação
Atualização:

Esquema do tokamak, ou câmara de contenção do combustível, que será usado no ITER. Reprodução 

 

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Uma batalha financeira está em andamento na Europa em torno de um experimento científico de 16 bilhões de euros, ou US$ 21 bilhões, destinado a resolver o enigma da fusão nuclear comercialmente viável. A fusão é o mesmo processo que ocorre no Sol e na explosão de uma bomba H, e se for viabilizada em escala comercial representará uma alternativa mais barata, limpa e segura aos reatores atuais de fissão.

 

O braço executivo da União Europeia tenta coordenar uma contribuição extra de 1,4 bilhão de euros para o período 2012-2013, que viria de países europeus, já abalados pela crise econômica.

 

Muitos ambientalistas dizem que os custos do Reator Termonuclear Experimental Internacional (ITER) está fora de controle e que o dinheiro seria melhor investido em projetos para redução de emissões de carbono.

Os defensores do ITER dizem que ele tem o potencial de mudar o curso da história, e merece apoio irrestrito.

No centro da disputa, o sonho de dominar a fusão nuclear. Cientistas já demonstraram que o processo pode ser recriado em laboratório, mas até agora não houve demonstração em larga escala, nem a produção de mais energia do que a consumida no processo.

 

Em 2006, mais de 30 países assinaram um acordo para construir o ITER no sul da França. Se tudo der certo, a partir de 2020 o projeto será capaz de gerar cerca de 500 MW de energia por meio da fusão, um processo que não emite CO2  e gera menos lixo radioativo que os reatores comuns.

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Mas a grande complexidade do projeto e os preços cada vez mais altos do aço, concreto e cobre levaram a uma triplicação  dos custos de construção desde que a estimativa inicial foi feita, em 2001. Os 27 países da UE estão comprometidos com 45% do preço.

 

"É irresponsável investir grandes somas em um beco sem saída tecnológico e sem criar empregos, num período de crise financeira", disse o político Verde Claude Turmes.

 

"Não devemos perder de vista os benefícios, potencialmente capazes de mudar o curso da história, do ITER", disse a comissária de pesquisa científica da UE, Maire Geoghegan-Quinn. A construção do ITER também poderá trazer benefícios tecnológicos paralelos, como supercondutores.

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