Mais um depósito clandestino de resíduos industriais tóxicos foi encontrado em Cubatão, São Paulo, em área da Carbocloro, durante as obras de expansão da usina de energia da empresa. A indústria química, que contava com licença ambiental para a terraplanagem, havia doado parte da argila para a prefeitura para fazer cobertura do Aterro Sanitário de Cubatão. A movimentação do solo, durante as obras, porém, provocou a liberação de forte odor, que denunciou a presença das substâncias.Segundo a assessoria da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), as obra foi embargada e a empresa recebeu uma advertência no dia 17 de setembro, quando tiveram início as investigações sobre a contaminação. As análises mostram valores acima dos padrões para os poluentes Hexaclorobenzeno (HCB), Pentaclorofenol (PCP), conhecido como Pó da China, e Percloroetileno (PCE).Atualmente, a Cetesb está avaliando o projeto de remediação apresentado pela empresa, que deverá incinerar ou levar o material para um aterro apropriado. O prazo para a remoção dos 6 mil metros cúbicos de argila do aterro sanitário, considerado um bom aterro pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente, é o final do ano.Conforme o órgão ambiental, o problema do aterro será resolvido com a remoção dos resíduos. Quanto à área dentro da empresa, será impermeabilizada e monitorada. Esta é a quarta área contaminada pela Carbocloro em Cubatão reconhecida pela Cetesb.Segundo João Carlos Gomes, diretor da Associação de Consciência à Prevenção Ocupacional (ACPO), a prática de descarte clandestino de resíduos sólidos industriais diretamente no solo, sem a utilização de recursos adequados de contenção geotécnica, foi muito utilizada durante as décadas de 60 e 70 pelas indústrias de Cubatão. Para ele, as empresas se valiam da falta de fiscalização da época e são responsáveis pelo comprometimento do solo e lençol freático em diversos pontos da Baixada Santista e litoral sul paulista, além do sedimento estuarino da região.