Cultivo inadequado de soja emite mais CO²

Pesquisador diz que revolvimento do solo com restos de soja causa perda de carbono e superemissão de CO²

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Por Agencia Estado
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A emissão de dióxido de carbono (CO²) durante o revolvimento do solo, após a colheita da soja, é semelhante à que ocorre numa queimada, com alta poluição atmosférica - só que de maneira não visível. A advertência foi feita pelo pesquisador Don Reicosky, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na 7.ª Conferência Mundial da Soja, encerrada neste fim de semana em Foz do Iguaçu (PR). Segundo Reicosky, a soja causa efeitos dramáticos no solo, já que se decompõe mais rápido do que outras culturas. "Na remoção do solo, a soja representa um valor 24 vezes maior de perda de carbono?, disse ele, conforme a Agência Brasil. ?No solo sem plantio, a perda de carbono e emissão de CO² fica em 100%; no trigo, é de 196%, mas na soja, essa perda representa 264%." A alternativa já adotada por muitos produtores é o plantio direto, sem revolver o solo. Superemissão A revirada do solo acelera a emissão de dióxido de carbono que ocorreria naturalmente, fruto da união do carbono (C) - um nutriente natural da terra ? com o oxigênio (O²) que chega pelo ar e aumenta a atividade microbiana. A emissão gradativa e sustentável do CO² dá lugar a uma superemissão, que torna a cultura da soja a principal fonte de poluição atmosférica da agricultura. "Na revirada do solo para descompactação e plantio, procedimento comum na agricultura convencional, há uma decomposição muito rápida da matéria orgânica (restos culturais que ficaram na última colheita)?, explicou o pesquisador. A agricultura é a segunda maior fonte poluente da atmosfera terrestre, pelo uso de combustíveis de tratores e pelas técnicas de manejo do solo - a principal fonte geral de CO² é a queima de combustíveis fósseis, com mais de 60% das emissões. Solo com menos carbono Com maior perda de carbono do solo, é preciso investir em insumos. Nos cálculos do pesquisador, são necessárias 10 unidades de carbono para produzir uma unidade de nitrogênio (N), e para gerar uma unidade de fósforo (P), são consumidas 60 unidades de carbono. "O carbono é muito importante para manter a biodiversidade e a fertilidade do solo." A soja ainda tem menor capacidade de infiltração de água em relação a outras culturas, gerando uma erosão de 778 quilos de solo por hectare ao ano (no milho é de 350 kg/ha). "Estudos mostram que a perda de carbono implica redução de água no solo, prejudicando o desenvolvimento da soja", disse Reicosky.

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