Cúpula climática de Poznan termina sem aumento de fundo de Kyoto

Os documentos de trabalho que saem de Poznan mantêm a referência introduzida na conferência de Bali, no ano passado

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Por Redação
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A 14ª Conferência do Clima da ONU, em Poznan, na Polônia, terminou na madrugada deste sábado com poucos acordos importantes, salvo o impulso dado às ajudas destinadas aos países pobres para enfrentar os efeitos da mudança climática, que no entanto decepcionaram os receptores por seu pequena quantia.   Os documentos de trabalho que saem de Poznan mantêm a referência introduzida na conferência de Bali (Indonésia) do ano passado sobre a redução de emissões de gases do efeito estufa de entre 25% e 40% para os países industrializados.   Além disso, se inclui pela primeira vez a possibilidade de que as nações em desenvolvimento também as limitem entre 15% e 30%.   O acordo para tornar operacional o fundo de adaptação foi unânime e graças a ele os países pobres, especialmente os mais vulneráveis, poderão iniciar a partir de meados do próximo ano projetos para minimizar os efeitos da mudança climática em seus territórios, como construção de diques, praias artificiais, centros de alerta meteorológica ou poços.   A ativação deste instrumento financeiro, previsto no Protocolo de Kyoto, é possível graças a que os países poderão ter acesso direto às ajudas, ao deixar de ser o Banco Mundial o gerente das mesmas, o que havia sido um obstáculo pela excessiva burocratização deste órgão.   A unanimidade foi rompida quando os países doadores (industrializados) rejeitaram o aumento do fundo, que estará dotado de um valor entre US$ 80 milhões e 300 milhões anuais.   Este ponto foi amplamente contestado por China, Índia, Paquistão, África do Sul, Colômbia, Costa Rica, Brasil, Bolívia e Maldivas, cujos delegados tomaram a palavra no plenário para reclamar de "falta de generosidade" dos países ricos.   O representante indiano chamou de "vil" a recusa a aumentar a dotação do fundo e lamentou que em Poznan não se desse resposta aos "sinais claros" que, segundo ele, esperava a sociedade para "salvar o planeta da mudança climática, uma tragédia humana aterrorizadora" para muitos países pobres.   Começa agora o caminho para a Cúpula de Copenhague, reunião que ocorrerá daqui a um ano. Nela, os mais de 190 países da Convenção das Nações Unidas sobre a mudança climática deverão se colocar de acordo para adotar um novo regime climático que substitua o Protocolo de Kyoto, quando acaba seu período de aplicação, em 2012.   Para conseguir maior sucesso em Copenhague, se fixou um calendário para 2009 que inclui quatro reuniões antes da reunião dinamarquesa.   A primeira se realizará em março em Bonn (Alemanha) e se espera que dela saia um documento de negociação. O secretário-executivo da Convenção, o holandês Yvo de Boer, afirmou que "a partir de agora o processo é real" e ressaltou que os países estão conseguindo sérias negociações para conseguir um acordo em Copenhague.

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