Da língua dos peixes ao bambolê, o Prêmio Ig Nobel

Paródia do Prêmio Nobel, o Prêmio Ig Nobel é concedido a pesquisas que "primeiro fazem rir e depois pensar"

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um fiasco da poderosa Coca-Cola. A possível ligação entre country music e suicídio. A estranha comunicação dos arenques. Algo em comum? São alguns dos vencedores do Ig Nobel, o já tradicional prêmio dado às "descobertas científicas que não podem ou não deveriam ser reproduzidas" ou que "primeiro fazem rir e depois pensar". Organizado pela revista Anais da Pesquisa Improvável, o Ig Nobel é uma paródia do Prêmio Nobel, que terá seus vencedores anunciados semana que vem. Na 14ª edição, foram premiadas dez categorias. Os ganhadores receberam os prêmios, na Universidade de Harvard, na quinta-ferira, das mãos de três genuínos vencedores do Nobel: Dudley Herschbach (Química em 1986), William Lipscomb (Química em 1976) e Richard Roberts (Fisiologia ou Medicina em 1993). Água do Tâmisa na garrafa A subsidiária inglesa da Coca-Cola venceu o de Química por causa da marca de água engarrafada Dasani, retirada do mercado em março por conter uma quantidade inaceitável de brometo, substância potencialmente cancerígena. Uma vitória que, segundo o Comitê de Seleção, premiou a empresa por "usar tecnologia avançada para converter líquido do Rio Tâmisa na Dasani, uma forma transparente de água que por precaução foi impedida de ser consumida". A Coca-Cola foi um dos dois vencedores a não comparecer à cerimônia. O outro foi o Vaticano, ganhador de Economia por terceirizar as missas em nome de outras pessoas para a Índia, onde elas custam menos que na Europa e nos EUA. Comunicação dos peixes O Ig Nobel de Biologia foi para cinco pesquisadores, entre eles Robert Batty, da Associação de Ciência Marinha da Escócia. A equipe mostrou em dois estudos que os arenques "aparentemente se comunicam por flatos". Publicados em 2003 na revista Biology Letters, eles mostraram que sons de alta freqüência feitos pelos arenques por seus traseiros servem para mandar sinais para outros peixes. Na categoria Física, Michael Turvey, da Universidade de Yale, ganhou pelo estudo da dinâmica do bambolê juntamente com Ramesh Balasubramaniam, da Universidade de Ottawa, no Canadá. A dupla falou de seu prêmio com os bambolês rodando na cintura. Country music e suicídio Os ganhadores de Medicina fizeram uma análise da relação entre a música country e o suicídio. Feito em 1992 por Steven Stack, da Universidade Estadual de Wayne, e James Gundlach, da Universidade de Auburn, o estudo afirma que a música country estimula um humor suicida por falar em suas letras de problemas comuns entre pessoas que se matam, como crises no casamento, uso abusivo de álcool e alienação do trabalho. Na Literatura, o ganhador foi a American Nudist Research Library (Biblioteca de Pesquisa Nudista Americana), por "preservar a história nudista de modo que todos possam vê-la". Daniel Symons, da Universidade de Illinois, e Christopher Chabris, de Harvard, ficaram com o prêmio de Psicologia pelo estudo Gorilas entre Nós. Eles mostraram que, quando pediam para alguém se concentrar em pessoas jogando basquete, a maioria não percebia quando um homem vestido de gorila entrava na quadra batendo em seu peito. Cinco segundos A estudante americana de ensino médio Jillian Clark foi a vencedora de Saúde Pública, por sua Regra dos Cinco Segundos. Ela garante que, quando um alimento cai no chão por menos de cinco segundos, é seguro pegá-lo e comê-lo. Frank Smith, de Orlando, ganhou o prêmio de Engenharia postumamente por patentear uma técnica de cobrir um trecho careca com cabelo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.