Dados sobre Chernobyl são errados, diz especialista

"O objetivo da ONU é incentivar o desenvolvimento da energia nuclear", afirmou Olexi Passiuk, do Centro Ucraniano para a Ecologia

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O informe das Nações Unidas sobre a catástrofe de Chernobil foi criticado nesta terça-feira na Ucrânia por um especialista em temas nucleares, que assegura que o relatório se apóia em "cifras equivocadas" e fornecidas pelo antigo governo ucraniano. "O informe está baseado em dados oficiais, nos dados de um governo (do ex-presidente Leonid Kutchma) que nunca se sentiu responsável pelas vítimas. São cifras absolutamente equivocadas", garante Volodymyr Usatenko, conselheiro ante a comissão parlamentar ucraniana encarregada da segurança nuclear. "O objetivo da ONU é incentivar o desenvolvimento da energia nuclear", afirmou, por outro lado, Olexi Passiuk, do Centro Nacional Ucraniano para a Ecologia, acrescentando que "querem reduzir a desconfiança em matéria nuclear". "Estamos preocupados com o fato de que estão sugerindo que a população pode novamente viver nas zonas afetadas pela radioatividade", acrescentou Passiuk. Especialistas de várias agências especializadas da ONU afirmaram na véspera, em Viena, que é "provável que cerca de 4.000 pessoas morrerão de câncer por causa de Chernobil", uma cifra muito menor que as dezenas de milhares de mortos temidos até agora. Os danos ambientais da catástrofe de 26 de abril de 1986 na usina ucraniana são, da mesma forma, inferiores às previsões, segundo o informe redigido por especialistas da ONU. O relatório será apresentado nestas terça e quarta-feira em uma conferência internacional na sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena, com especialistas em temas nucleares, de saúde e de desenvolvimento de oito agências especializadas da ONU, em particular a AIEA, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). "Os efeitos do acidente sobre a saúde foram horríveis, mas no total (...) os efeitos em termos de saúde pública distam muito de serem tão graves como se temia inicialmente", afirmou Michael Repacholi, da OMS, citado no informe. Até meados de 2005 foram registradas 59 mortes diretamente atribuídas à radiação, duas durante a explosão da usina nuclear e 28 em 1986, segundo o informe. Mais de 600.000 pessoas foram muito expostas à radioatividade, entre elas 200.000 militares e civis enviados de emergência, empregados da usina e moradores de áreas vizinhas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.