Degelo na Antártida aumenta com rapidez

Em dois anos, glaciares se moveram em direção ao oceano com uma velocidade oito vezes maior, segundo cientistas

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Por Agencia Estado
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Cientistas que monitoram a atividade glacial na Antártida alertam sobre uma das mais temidas conseqüências do aquecimento global. Desde 2002, glaciares na região aumentaram dramaticamente sua marcha em direção ao oceano. Até agora, o efeito mundial é imperceptível, mas se o processo se espalhar sobre o continente antártico, o resultado pode ser um aumento destrutivo do nível do mar. Segundo dados dos satélites das agências espaciais européia e canadense, a causa do aumento do movimento glacial é a quebra da Estante de Gelo Larsen, que estava segurando o gelo glacial na terra. A Estante está no lado oriental da Antártida, uma faixa de terra de cerca de 1.500 km que atinge o norte em direção ao ponto sul da América do Sul. Previsões e acertos Vários teóricos previram, já nos anos 70, que o aquecimento global causaria o degelo das estantes glaciares nos oceanos em torno da Antártida. "As pessoas achavam que eles estavam errados, porque achavam seus modelos simplistas. O que estamos vendo agora é que eles não estavam errados", disse o especialista Eric Rignot, do Jet Propulsion Laboratoty, em Pasadena, na Califórnia. Seu colega Ted Scambos afirmou que "em apenas 15 anos foi possível ver uma mudança drástica em uns 240 km da costa. Pode ser um longo processo, mas já começou". Semanas atrás, os dados mostraram que o movimento glacial ocorre rapidamente. Em dois anos, alguns glaciares começaram a se mover oito vezes mais rápido do que antes, provocando uma diminuição em suas alturas de até 38 metros em seis meses. Nível dos oceanos Todos os glaciares da Terra juntos contêm água suficiente para aumentar o nível dos oceanos por mais de 60 metros. O diretor do Centro Nacional de Dados sobre o Clima dos EUA, Karl Thomas, apontou que o ritmo atual do aumento da temperatura global está entre 3ºC e 3,5ºC por século. Essa variação em mais de cem anos poderia ser insignificante, mas é muito alta considerando que, na última glaciação, ocorrida entre 18 mil e 20 mil anos, a temperatura aumentou apenas entre 2,7ºC e 5ºC graus centígrados.

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