Depressão duplica risco de mortalidade por câncer

Sobrevivência dos doentes com depressão aguda após transplante de medula foram de 50%, 33% e 33,3% depois de um, três e cinco anos

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Por Agencia Estado
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A depressão severa aumenta em 2,6 vezes o risco de morte nos pacientes com câncer, segundo um estudo realizado por pesquisadores do Hospital Clínico de Barcelona, que destaca a importância da detecção precoce dos transtornos psicopatológicos nos doentes oncológicos. A pesquisa, que aconteceu durante um período de três anos com 199 doentes de leucemia que tinham recebido um transplante de medula óssea e tinham sobrevivido ao período crítico dos 90 dias imediatamente posteriores, reafirma a hipótese cogitada nos últimos anos sobre a relação entre a presença de depressão e uma menor sobrevivência dos pacientes com câncer. O médico Jesús María Prieto, responsável do trabalho, explicou em entrevista coletiva que do total de 199 doentes estudados, 9% (18) tinham depressão severa, 8,5% (17) tinham sintomas de depressão menos grave, enquanto o restante 82,5% (164) não evidenciava nenhum estado depressivo. As porcentagens de sobrevivência dos doentes com depressão aguda depois do transplante de medula foram de 50%, 33% e 33,3% depois de um, três e cinco anos, respectivamente. Por outro lado, os mesmos índices em pacientes sem depressão foram significativamente mais elevados, com 77,4%, 60,4% e 53%, respectivamente. "Nos anos posteriores, os pacientes com depressão têm um risco de morrer 2,6 vezes superior que os pacientes sem depressão", afirmou Prieto. Ele destacou que é importante a duração do estado depressivo, já que quanto mais crônica é a depressão, pior sua incidência na saúde do doente de câncer. Segundo os autores do estudo, os dados demonstram a importância da detecção precoce e do tratamento da depressão mais grave nestes doentes, já que foram obtidos resultados parecidos em outros tipos de câncer, como o de mama e o de pulmão. O oncologista Montserrat Rovira, que trabalha na unidade de transplantes de medula óssea do Clínico, reconheceu que o transplante "é um processo muito agressivo que dura muito tempo", por isso "é importante detectar sinais de depressão grave para melhorar a qualidade de vida dos doentes".

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