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Desmatamento parou de crescer, garante secretário

Inpe divulga dados de 2003-2004 nos próximos dias. Capobianco prevê algo em torno de 24 mil km quadrados desmatados

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, reconhece que o governo não conseguiu reduzir a "inaceitável" taxa de desmatamento da Amazônia. Mas garante que, pela primeira vez na história, a taxa ficou estável. "É um absurdo e inaceitável esse patamar, agora quero destacar que pela primeira vez na história o desmatamento não tem crescido de acordo com o aumento do PIB e da economia", disse ele. Capobianco informou que o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia, deverá divulgar nos próximos dias pesquisa mostrando que, de agosto de 2003 a agosto do ano passado, uma área de 23 mil quilômetros quadrados a 24 mil quilômetros quadrados foi devastada, números que ficam na mesma faixa registrada em 2002 e 2003. Entidades ambientalistas trabalham com a hipótese de ter ocorrido uma devastação de 29 mil quilômetros quadrados. O secretário disse não ter números que indicam essa projeção. Recorde Desde os anos 80, quando o instituto começou a levantar dados sobre o desmatamento, o maior índice de devastação ocorreu em 1995, quando 29 mil quilômetros quadrados de florestas foram engolidos. Em 2000 e 2001 a devastação registrada foi de cerca de 18 mil quilômetros quadrados. Já em 1999 o Inpe calculou um desmatamento de 17 mil quilômetros quadrados. Capobianco evitou polemizar em relação a alvos constantes de ONGs ambientalistas, como os produtores de soja, os madeireiros e a equipe econômica do governo, sempre atacada por restringir o orçamento dos ministérios. "Seria uma insanidade o Brasil abrir mão do agronegócio, que significa a modernização da produção agrícola", avaliou. Capobianco ponderou, no entanto, que as florestas não podem sofrer mais cortes para garantir a expansão da fronteira agrícola, especialmente da soja. Recursos Sobre a relação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o secretário disse que é "completa". "Queria informar a seus leitores que 100% do valor previsto para o plano de combate e prevenção ao desmatamento foram liberados e o Ibama já recebeu os R$ 40 milhões previstos para este ano", disse. O secretário, entretanto, reconheceu que em 2004 o orçamento foi de R$ 64 milhões. Ele argumentou que essa diferença se explica pelo fato de o Ibama ter investido no ano passado em materiais que poderão ser usados nos próximos anos. Uso sustentável Sobre o projeto de lei que prevê o uso sustentável de florestas públicas, o secretário negou que haja um risco de o desmatamento ser legalizado com a chancela do Congresso. "Não, o Congresso só vai permitir o uso da floresta em pé. Não é desmatamento, a extração de árvores de uma floresta com a condição de que ela permaneça como floresta é positiva", salientou. Ele disse ter motivos para acreditar no setor madeireiro. "Por iniciativa própria, esse setor passou de 200 mil para 1,3 milhão de hectares a área de exploração certificada de floresta." Redução "já" Capobianco avaliou que o problema da devastação da Amazônia só pode ser resolvido a médio prazo. Mas o governo espera redução "já" da área desmatada, isto é, neste ano e em 2006. Ele disse que a meta da ministra Marina Silva é mudar os "vetores" históricos e estruturais que causam o desmatamento. Segundo o secretário, o governo pretender mudar a cultura de que, para garantir renda, emprego e desenvolvimento, a floresta deve ser devastada. "Se a ministra Marina reduzir o desmatamento em sua gestão e quando sair esse índice disparar, ela e sua equipe terão fracassado", avaliou. "(O ministério) busca a médio prazo uma redução estável e permanente."      estatísticas sobre florestas

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