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Devastação da Amazônia é alarmante, dizem pesquisadores

O estudo, segundo Laurance, contraria afirmações do governo brasileiro de que a devastação da Amazônia está sendo controlada

Por Agencia Estado
Atualização:

A destruição da Amazônia atingiu níveis alarmantes nos últimos anos, comparáveis aos registrados nas décadas de 70 e 80. Entre 1995 e 2000, a média foi de 1,9 milhão de hectares devastados por ano, ou sete campos de futebol por minuto. A conclusão é do pesquisador americano William Laurance, do Smithsonian Tropical Research Institute, no Panamá, e de dois brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com base em imagens de monitoramento por satélite. O estudo, segundo Laurance, contraria afirmações do governo brasileiro de que a devastação da Amazônia está sendo controlada. O pesquisador, que trabalhou por mais de cinco anos com o Inpa, em Manaus, foi o autor principal de um trabalho publicado em janeiro do ano passado na revista Science, segundo o qual a implantação do projeto Avança Brasil poderia destruir 42% da cobertura amazônica até 2020. A projeção foi duramente contestada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), sob a alegação de que índices do passado não podem ser usados para prever o futuro. Segundo o governo, a situação hoje é muito diferente do que era 20 ou 30 anos atrás. "Se a posição do governo estivesse correta, o desflorestamento na Amazônia deveria ter sido menor nos anos 90", disse o pesquisador. "Mas não é o que mostram os números." A equipe analisou informações e fotos de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Ipen), que Laurance classificou como "o melhor sistema de controle de desflorestamento no mundo". O diagnóstico não é dos melhores: de 1995 a 2000, a média anual de devastação foi de 1,9 milhão de hectares. Bem superior à taxa registrada no início da década (1,38 milhão de hectares por ano) e quase igual à média de 1978 a 1989, de 1,98 milhão de hectares. Os pesquisadores Ana Albernaz e Carlos da Costa, ambos do Inpa, também assinam o trabalho, que será publicado na revista Environmental Conservation. "Não acho que a situação seja boa, ou até mesmo razoável, mas já foi pior", enfatizou o coordenador de assuntos estratégicos da Secretaria da Amazônia do MMA, Mário Menezes. O relatório oficial do Ipen registra média de 2,1 milhão de hectares desmatados entre 77 e 88. Além disso, se 95 não for considerado, a média atual cai para 1,7 milhão. Ainda assim, segundo Menezes, só números não dão uma visão completa da realidade. "O estudo não leva em conta que boa parte desse desmatamento é legal." A legislação brasileira permite o desmatamento de até 20% da área de uma propriedade na Amazônia. Dos 400 milhões de hectares da floresta amazônica, 60 milhões (15%) já foram devastados. Segundo Menezes, do 1,98 milhão de hectares desmatados em 2000, 1 milhão foi autorizado.

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