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Diabete juvenil surgiu para proteger o corpo, diz cientista

Tese polêmica diz que excesso de açúcar no sangue serviu para evitar morte por congelamento, há 12 mil anos

Por Agencia Estado
Atualização:

A diabete tipo 1, também conhecida como diabete juvenil, pode ter surgido como um meio de proteção do corpo contra o frio extremo, entre populações que viviam no norte da Europa há cerca de 12 mil anos. A tese é de Sharon Moalem, um expecialista em medicina da evolução, pesquisador da Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York. Ele acredita que as taxas de glucose no sangue foram elevadas em muitos indivíduos para evitar a formação de cristais de gelo nas células e tecidos. A controversa idéia de Moalem foi apresentada em artigo na Medical Hypotheses, uma revista especializada em mostrar exatamente as teses mais radicais que tenham potencial para gerar futuras pesquisas. Segundo o cientista, por volta de 12 mil anos atrás as temperaturas caíram drasticamente, de forma rápida, deixando milhares de indivíduos mortos por congelamento, conforme evidências arqueológicas. Outros tiveram resistência física suficiente para migrar para o sul. Moalem diz estar usando uma perspectiva evolucionária e, considerando o ambiente em que os humanos se desenvolveram, é possível que certas doenças tenham oferecido algumas proteções ao organismo. Ele cita como exemplos outras doenças como a hemocromatose, que gera um excesso de ferro no sangue e, por outro lado, defende o corpo contra a febre bubônica. A anemia falciforme, outra doença sanguínea, reduz a capacidade de destruição de células pelo parasita da malária e a fibrose cística é um protetor contra a febre tifóide. Entre os que receberam bem a tese está Clive Gamble, especialista em migrações humanas antigas da Universidade de Londres. Ele acha que a idéia corrobora evidências de que os europeus modernos descendem de caçadores do norte frio, e não de agricultores de climas quentes do sul. No extremo oposto há os que consideram a idéia uma "piada", mas no meio há cientistas como Robert Hegele, especialista em diabetes, que receberam a tese como uma peça interessante para futuros estudos. "Mas ela falha ao ser colocada diante da natureza autoimune da diabete", avaliou.

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