Dieta de baixa caloria prolonga a vida e a saúde de macacos

Corte calórico de 30% reduz taxa de morte por doenças ligadas á idade de 37% a 13%, mostra estudo

PUBLICIDADE

Por Associated Press
Atualização:

Um estudo realizado ao longo de 20 anos determinou que cortar calorias em cerca de 30% reduz o envelhecimento e ajuda a adiar a morte. Em macacos.

 

 

PUBLICIDADE

Não se trata de uma dieta rápida para perder alguns quilos. Cientistas já sabiam que é possível prolongar a vida de camundongos e de criaturas mais primitivas - moscas, vermes - com cortes profundos e prolongados no que seria o consumo normal de  energia.

 

Agora surge a primeira evidência de que a mesma conduta adia a manifestação das doenças do envelhecimento em primatas, também - macacos reso do Centro de Primatas Nacional de Wisconsin, EUA. Os pesquisadores relatam suas descobertas na edição desta semana da revista Science.

 

E quanto a um outro animal da família dos primatas, os seres humanos? Ninguém ainda sabe ainda se as pessoas, num mundo de consumo exagerado, seriam capazes de suportar a privação por tempo suficiente para que ela fizesse diferença, muito menos como ela iria afetar nossos corpos, mais complexos. No entanto, há várias tentativas em andamento.

 

"O que realmente gostaríamos nem é tanto que as pessoas vivessem mais, mas que vivessem com mais saúde", disse o médico David Finkelstein, do Instituto Nacional do Envelhecimento. Os macacos de Wisconsin parecem ter feito as duas coisas.

 

"O fato de haver menos doenças nesses animais é notável", afirmou Finkelstein.

 

As possibilidades da restrição calórica datam de estudos com roedores realizados nos anos 30. Mas hoje é um tema quente entre os pesquisadores que buscam entender os diferentes processos que levam o corpo humano a falhar com a idade, de forma que alguns talvez possam ser revertidos.

Publicidade

 

Macacos reso em cativeiro têm uma expectativa de vida média de 27 anos, e portanto notar o efeito neles demora mais que nos camundongos de vida curta. O estudo mais recente envolve 76 animais - 30 que são acompanhados desde 1989, e 46, desde 1994. Eles eram adultos de tamanho normal e em dieta normal para um macaco em cativeiro, que consiste em uma mistura enriquecida com vitaminas e algumas frutas.

 

Os cientistas destinaram metade dos macacos para uma dieta de restrição calórica, cortando o consumo diário de calorias em 30%, mas garantindo que não ficassem desnutridos.

 

Até agora, 37% dos macacos mantidos na dieta normal morreram de doenças ligadas ao envelhecimento. Entre os que receberam menos calorias, a taxa é de 13%. Alguns macacos morreram de outras causas, como ferimentos, que não são tidas como ligadas à nutrição.

 

A morte não foi a única diferença. Os macacos com poucas calorias tiveram menos da metade da incidência de tumores malignos e de doenças do coração que os demais. Imagens do cérebro mostraram um encolhimento menor causado pela idade. Eles também preservaram mais massa muscular.

 

O principal pesquisador responsável pelo estudo, Richard Weindruch, da Universidade de Wisconsin, acredita que a mudança de dieta está reprogramando o metabolismo dos animais, de um modo que reduz o envelhecimento.

 

O governo dos EUA está financiando um estudo em pequena escala para ver se algumas pessoas de peso normal são capazes de conviver com um corte calórico de 25% por dois anos, e se esse corte produzirá indicadores de que os problemas da idade podem estar sendo adiados.

 

Finkelstein adverte que ninguém deve tentar uma restrição calórica por conta própria: cortar os nutrientes de forma errada pode trazer problemas sérios de saúde. Seu conselho para quem busca longevidade: "Tome cuidado com o que come, mantenha uma mente ativa, faça exercícios e não seja atropelado".

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.