12 de maio de 2009 | 06h51
Os discursos do papa Bento XVI durante sua passagem por Israel são destaques na imprensa do país. Os meios de comunicação criticam o pontífice por não usar palavras como "perdão" ou "remorso" em seu discurso no monumento às vítimas do Holocausto. Além disso, a exigência do papa sobre a criação de um Estado palestino também foi alvo de comentários.
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O diário Ha'aretz, o mais progressista e o segundo mais influente do país, disse que Bento XVI "não lembrou a responsabilidade dos nazistas no Holocausto", o que considera importante, levando em conta a origem alemã do papa e seu passado na juventude hitlerista e na Wermacht, as forças armadas do Terceiro Reich.
Já o jornal Yedioth Ahronoth, o de maior tiragem em Israel, comentou que Bento XVI "perdeu uma oportunidade ao não pedir perdão ao povo judeu" pelo Holocausto. O diário Maariv, jornal mais conservador e o segundo maior em vendas no Estado judeu, comentou que "o menino da juventude hitlerista e o soldado da Wermacht não lembrou os nazistas nem lamentou (o Holocausto)".
O ainda mais conservador Jerusalem Post afirmou que o papa "não mostrou sinais de remorso" ao "não pedir perdão em seu discurso no Museu do Holocausto".
O Canal 2 falou de "frustração" e "decepção" pelo discurso, enquanto o Canal 1 destacou que o discurso era "leve demais" para alguém que "justifica seu passado nazista dizendo que todos eram membros da juventude hitlerista".
Estado Palestino
A exigência do papa Bento XVI sobre a criação de um Estado palestino ganhou destaque na imprensa palestina, que cobre a visita do pontífice à Terra Santa.
"O papa iniciou sua visita com um pedido de reconciliação entre muçulmanos, judeus e cristãos. O pontífice pediu ainda que o conflito palestino-israelense tenha como base a solução de dois Estados", ressaltou o diário governista Al Ayyam, de Ramallah.
Esse jornal disse ainda que "dúzias de cristãos de Gaza deixaram a região para se encontrar com o papa, e esses fiéis transmitirão seu sofrimento em Gaza, e contarão que Israel comete um Holocausto contra a população palestina da faixa".
O independente Al Quds, de Jerusalém Oriental (árabe), destacou que "o papa pediu aos israelenses e aos palestinos que vivam em paz, cada um em seu país, com suas próprias fronteiras, que sejam reconhecidas pela comunidade internacional".
A oficial "Rádio Palestina" também comentou hoje da atitude do papa diante das críticas formuladas ontem à noite contra Israel pelo juiz Taysir Tamimi, durante um encontro ecumênico que o pontífice assistia.
Muro das Lamentações
O papa Bento XVI visitou nesta terça o Muro das Lamentações, o local mais sagrado dos judeus, onde rezou durante alguns minutos e colocou um pedido, como costumam fazer os judeus, nos espaços entre suas antigas pedras.
O pontífice, que visitou antes a Esplanada das Mesquitas, leu um salmo em latim, acompanhado de um rabino que o repetiu em hebraico.
Depois, se aproximou até as pedras milenares do muro e colocou um papel com seu pedido, ficando no local por vários minutos sozinho e em silêncio, rezando diante do único vestígio do que foi o templo de Jerusalém.
Esta é a segunda vez que uma papa visita o recinto sagrado judeu, depois de João Paulo II ir ao local em 2000 durante sua peregrinação à Terra Santa por ocasião do Jubileu da Igreja Católica.
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