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Dúvida paulistana: lavar lixo reciclável ou poupar água?

Se não lavar embalagens usadas, consumidor não contribui para reciclagem; se lavar, aumenta o consumo de água

Por Agencia Estado
Atualização:

Entre a campanha da Sabesp para economizar 20% no consumo da água e a da Prefeitura de São Paulo, que estimula a lavagem do lixo reciclável para facilitar seu aproveitamento, a dona de casa Ester Gimenes Funez, de 65 anos, moradora do Jardim Bonfiglioli, zona oeste, está em dúvida. "Não sei se colaboro com a Sabesp ou com a Prefeitura. Se lavar o lixo, vou aumentar o consumo de água." Enquanto Ester aguarda pelo parecer dos filhos, a 5 quilômetros de sua casa, no Parque Continental, Aparecida Parra Chacon, de 66 anos, já se decidiu: "Não vou lavar o lixo reciclável. Não vou aumentar meu consumo de água para limpar coisas que não têm mais utilidade para mim." Aparecida entende que a obrigação pela lavagem é da Prefeitura. "Já pago a taxa de lixo. No máximo, passo uma agüinha na caixa do leite." Sem condições Técnicos do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Limpurb) dizem que 6 toneladas de lixo reciclável são jogadas fora todo dia por não terem condições de aproveitamento. Para ser reciclado é importante que o lixo esteja limpo e seco. Embalagem de pizzas, por exemplo, não pode ser aproveitada por causa da gordura. Por isso, o aposentado José Mancuso, de 62 anos, que mora no Alto da Boa Vista, zona sul, aproveita a água na qual foi enxaguada a louça para limpar garrafas de refrigerantes, latas, vidros e caixinhas de leite. "Dessa maneira, economizo água e deixo o lixo limpo." Nas embalagens impregnadas de resíduos, como as de manteiga, margarina e de maionese, Mancuso limpa com papel toalha. Mais lixo Essa solução não é aprovada pela bióloga Patrícia Blauth, consultora em minimização de resíduos. "Usar papel de toalha novo para limpar é criar mais lixo", alerta. Ela sugere que Mancuso utilize a esponja úmida que usou para lavar a louça ou um guardanapo de papel já usado para retirar o excesso. "Como a coleta seletiva é feita uma vez por semana, os materiais ficam estocados no quintal ou na área de serviço por até seis dias", afirma Patrícia. "Se as embalagens não forem lavadas, vão exalar mau cheiro e atrair insetos." Menos embalagens Neste período de crise no abastecimento, a bióloga recomenda ainda que as donas de casa evitem comprar produtos em embalagens tipo longa vida. "Elas são mais difíceis de limpar", diz. "Com exceção do leite, molhos de tomate, leite condensado e creme de leite, por exemplo, podem ser encontrados em latas ou vidros, mais fáceis de serem limpas." O coordenador do Programa de Uso Racional da Água (Pura) da Sabesp, Ricardo Chain, também aconselha as pessoas a reaproveitarem a água, principalmente a da máquina de lavar roupa. "Essa água, que já vem com sabão, deve ser armazenada no tanque ou em baldes e utilizada para lavar o lixo que será reciclado", diz Chain. Coleta aumentou Desde fevereiro de 2003, quando a Prefeitura criou a primeira central de triagem de lixo reciclável, até agora, o volume coletado pulou de 5 toneladas para 60 toneladas diárias. Hoje, são 11 centrais de triagem e a coleta é feita em 1 milhão de residências, de 45 distritos da cidade. De acordo com os funcionários do Limpurb, o lixo reciclável dos condomínios é o que apresenta as melhores condições de aproveitamento. O papel, por exemplo, quando amassado, vale menos, do que picotado ou rasgado.

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