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Egípcios fabricavam vidro há 3,2 mil anos

Descoberta mostra que desenvolvimento da técnica pode não ter começado na Mesopotâmia

Por Agencia Estado
Atualização:

Lingotes de vidro para exportação, que seriam utilizados principalmente para a produção de recipientes para perfumes ou outros líquidos. Há mais de 3,2 mil anos, poder controlar esse processo era um sinal de status, além de força econômica e política. Apesar de todas as evidências apontarem a Mesopotâmia como a região onde surgiram as primeiras fábricas de vidro, descobertas recentes publicadas na edição desta sexta-feira da revista Science podem deixar o Egito em alta. Artefatos encontrados no Delta do Nilo atestam que no local, em 1250 a.C., funcionou uma grande fábrica de vidro. A pesquisa realizada por uma dupla de cientistas da Europa conseguiu não apenas identificar as grandes dimensões da fábrica, como mapear a linha de produção que existia lá. No início do processo, o material bruto era colocado em vasos de cerâmica para ser aquecido, quebrado e lavado. No segundo momento da produção, o vidro, que era transportado para outros locais em forma de lingotes, era colocado em uma espécie de cadinho para receber várias cores. O retrabalho do vidro, para a produção de vasilhames de perfumes, por exemplo, não era feito naquela fábrica. Enquanto no início do processo a temperatura de trabalho do material não passava dos 950 graus Celsius, na segunda parte o aquecimento chegava aos 1.100 graus Celsius. Hoje, mesmo com toda a inovação tecnológica, os vidros são produzidos a, no máximo, 1.500 graus. A venda de vidro ou a troca desse material por outros produtos tinha um papel importante na região do Mediterrâneo e do Oriente Médio ao longo do fim da Idade do Bronze. No caso específico do Egito, e da fábrica agora descoberta, a disponibilidade do produto em cores vivas acrescentava muito mais ao processo econômico. O artigo Late Bronze Age Glass Production at Qantir-Piramesses, Egypt, publicado na área restrita a assinantes da Science, é de autoria de Thilo Rehren, da Universidade de Londres, e Edgard Pusch, do Museu Pelizaeus, na Alemanha.

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