PUBLICIDADE

Egito está determinado a não permitir expansão do uso do véu

Presença do véu que cobre o rosto da mulher é cada vez mais comum no país formado 90% por muçulmanos

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O Governo do Egito está determinado a não permitir de "nenhuma maneira" a expansão no país do uso do "niqab", o véu que cobre o rosto da mulher muçulmana com exceção dos olhos, decisão criticada pelos Irmãos Muçulmanos, principal partido da oposição. "Não permitiremos de nenhuma maneira a expansão (do niqab) entre as mulheres no Egito. Os ulemás das mesquitas devem conscientizar os fiéis sobre isto", afirmou na quarta-feira, 19, o ministro de Assuntos Religiosos egípcio, Mahmoud Hamdy Zakzouk, ao jornal independente Al-Masri Al-Youm. O ministro afirmou isto por ocasião da publicação de um livro no qual o Ministério de Assuntos Religiosos critica esta forma de indumentária, cuja presença é cada vez mais comum no país, onde 90% da população é de muçulmanos. O livro, intitulado O niqab é um costume popular e não religioso, tenta desqualificar sua utilização mediante o ponto de vista legal dos grandes ulemás como Mohammed al-Ghazali e o xeque da prestigiosa islâmica Universidade de Al-Azhar, Mohammed Sayed Tantaui. Zakzouk afirmou que a publicação começou a ser distribuída em mesquitas e entre ulemás intelectuais para conscientizar os fiéis que este hábito, cada vez mais visível no Egito, é simplesmente um costume popular. Segundo o ministro, a "sharia" ou lei islâmica ordena que a mulher cubra todo o corpo, com exceção das mãos e do rosto, mas que em nenhum momento estipula que o rosto deva ser coberto. As declarações de Zakzouk não foram bem recebidas por alguns dos setores mais conservadores do Egito, que criticaram as declarações do ministro. "As palavras de Zakzouk em alguma ocasião contradizem o consenso dos ulemás da 'Umma' (comunidade de fiéis)", afirmou à Agência Efe Gamal Nassar, porta-voz dos Irmãos Muçulmanos, o principal partido da oposição no Parlamento egípcio. Nassar afirmou que a decisão de usar o niqab corresponde à mulher, especialmente "se for uma mulher bela e quiser evitar os olhares dos homens". O porta-voz instou o ministro a mensurar suas declarações e a "promover a virtude e lutar contra o reprovável".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.