Entra em funcionamento colisor de partículas na Suíça

Primeiro feixe de partículas foi injetado às 4h30; minutos depois, foi realizada uma segunda tentativa

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Por Agências internacionais
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Pesquisadores do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern) iniciaram, às 9h30 desta quarta-feira, 10, horário de Genebra (4h30 em Brasília) a ativação do LHC, o maior e mais caro experimento de Física de todos os tempos. Num túnel de 27 km de circunferência, 100 metros abaixo do solo na fronteira entre França e Suíça, o primeiro feixe de partículas foi injetado no Grande colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês). Alguns minutos depois, foi realizada uma segunda tentativa de injetar feixes de prótons, informaram responsáveis do CERN. Entenda o LHC Experiência do LHC depende de rede mundial de computadoresEstudo reafirma que acelerador de partículas LHC é seguroCientistas criam rap para explicar o Grande Colisor de HádronsTerminam os últimos testes do Grande Colisor de HádronsAcelerador de partículas será testado em setembroLHC não vai destruir a Terra, conclui relatório de segurançaCientistas querem proibir simulação do 'Big Bang' Site do CernSite do LHC GridAnimação que explica como o LHC Grid funcionaVídeo do Cern explica o LHC em três minutos (em inglês)  Galeria com imagens do LHC  O objetivo desta quarta-feira é conseguir que as partículas dêem uma volta completa no enorme túnel de 27 quilômetros do Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), antes de realizar experimentos com colisões de prótons para tentar identificar novas partículas elementares. A evolução dos testes ainda é desconhecida, reconheceu Lyn Evans, diretor do projeto do LHC, que disse que "não é possível saber quanto tempo será necessário" para fazer com que os prótons circulem de maneira estável. O primeiro lançamento de partículas no acelerador foi no sentido horário, disse Evans. "Vamos ter de comprovar que cada um dos elementos da máquina funciona", acrescentou. Nesta terça-feira não serão realizados lançamentos em sentidos opostos, por isso não ocorrerão colisões de partículas. Após este primeiro teste, será possível saber se o maior acelerador de partículas do mundo funciona, mas os primeiros choques de prótons não acontecerão pelo menos nos próximos meses. Se tudo der certo, o LHC terá os feixes circulando em ambos os sentidos a uma energia de 450 GeV (bilhões de elétron-volts, unidade usada para medira energia de partículas elementares), ainda bem abaixo de sua energia máxima, 7 TeV (trilhões de elétron-volts). Ainda nesse ano, o sistema de aceleradores do LHC deverá elevar a energia até 5 TeV para, a partir de 2009, começar a operar na energia máxima projetada. Quando isso acontecer, os cientistas começarão a reunir dados que, nos próximos anos, poderão levar à confirmação - ou derrubada - de ousadas previsões teóricas, como a existência de partículas até hoje não observadas e de dimensões ocultas no espaço-tempo. As energias do LHC Energias de 7 trilhões de elétron-volts parecem um bocado, mas o elétron-volt é uma unidade especialmente pequena: uma lâmpada de 100 W emite 100 quintilhões de elétron-volts - ou milhões de vezes mais energia que um próton acelerado à energia máxima do LHC - a cada segundo. O que torna o experimento tão excepcional, então? O físico Sérgio Novaes, do Instituto de Física da Unesp, que tomou parte do projeto de um dos detectores do acelerador, explica que no LHC circularão feixes contendo, cada um, 2.808 aglomerados de prótons, cada aglomerado com centenas de bilhões de partículas, cada partícula com a energia individual de 7 TeV. A energia acumulada em um só feixe é da ordem de 400 milhões de joules, ou pouco menos que o consumo mensal médio de uma residência no Brasil. Outro fator importante é a concentração da energia em um espaço muito pequeno. "Estamos procurando investigar distâncias muito menores que os prótons ou nêutrons", diz Novaes. Dividindo a energia de um único próton a 7 TeV pela área efetiva das colisões que ocorrerão no acelerador, o resultado é uma energia por metro quadrado que chega a ser um quatrilhão de quatrilhões de vezes maior que a transferida para a bola durante o chute de um jogador de futebol profissional. (Colaboraram Carlos Orsi, do estadão.com.br; e Jamil Chade, de O Estado de S.Paulo)

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