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Espanha e ambientalistas divergem sobre derrame de óleo

O governo federal estima que o navio-tanque grego Prestige, de 26 anos e bandeira das Bahamas, derramou 10.000 toneladas de óleo combustível. Os ecologistas asseguram que foi o dobro

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto novas marés negras de óleo combustível atingem a costa da Galícia, governo e ambientalistas polemizam sobre a quantidade vazada ao mar pelo petroleiro Prestige. O governo federal estima que o navio-tanque grego Prestige, de 26 anos e bandeira das Bahamas, derramou 10.000 toneladas de óleo combustível. Os ecologistas asseguram que foi o dobro. Qualquer que seja a quantidade, o fato é que, para a economia galega, os danos provocados pela poluição da costa e das praias apenas começaram. Nesta sexta-feira, o governo espanhol anunciou planos de enviar uma sonda submarina para checar o vazamento do Prestige. As manchas de petróleo são o resultado de dois derramamentos. O primeiro, de 5.000 a 6.000 toneladas, em 13 de novembro, quando o petroleiro teve um rombo no casco de 10 metros de diâmetro em meio a uma tormenta, a 9 quilômetros da costa. O segundo, de 5.000 toneladas, em 19 de novembro, quando o Prestige se partiu em dois e afundou a 250 quilômetros da costa. "O governo deve acreditar que, enganando as pessoas, o problema passa despercebido. Pelas nossas estimativas, o petroleiro perdeu 20 mil toneladas", diz Alberto Gil, porta-voz da entidade Ecologistas em Ação. Juan Lopes de Iralde, diretor do Greenpeace na Espanha denuncia ainda que "as cifras (de óleo derramado) têm sido subestimadas desde o princípio". Indiferente à polêmica, uma nova mancha de óleo, de três quilômetros de comprimento e 400 metros de largura, se aproximava nesta sexta-feira das já poluídas praias da Galícia. Na noite anterior essa mesma mancha contornou um farol na municipalidade de Ferrol. E a prefeitura de La Coruña advertia sobre uma segunda mancha, "de dimensão considerável", chegando às praias da cidade. O Prestige estava segurado, como a maioria dos petroleiros, pela London Steamship Owner´s Mutual Association. Paul Hinton, executivo da A. Bilbrough & Co que gerencia o portfólio da seguradora, diz que "perto de US$ 25 milhões vão estar disponíveis para compensações". A presteza, no caso, é aparente. Hinton esclarece que esses recursos são para "pequenas despesas" e que "compensações de maior monta, até o limite de US$ 180 milhões, deverão estar disponíveis mais tarde, através do Fundo Internacional para Compensações de Poluição por Petróleo". Um mau momento para a economia galega. Pelas estatísticas oficiais, são US$ 330 milhões anuais gerados pela pesca. Sem contar o turismo, a outra grande fonte de renda da região. Os números do seguro não cobrem as perdas do primeiro ano. Quase 14 anos depois que o Exxon Valdez derramou 50 mil toneladas na baía de Principe Willians, em 24 de março de 1989, as batalhas judiciais em torno dos prejuízos causados continuam sem solução. O governo do Alasca ganhou uma indenização de US$ 800 milhões, e a limpeza custou US$ 2,1 bilhões, mas ainda se encontra petróleo nas praias e no fundo da baía. Os pescadores entraram com um pedido de indenização que soma US$ 5 bilhões contra a Exxon, mas a Suprema Corte está longe de uma sentença final para o caso.

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