Especialistas desaconselham usar redes contra tubarões

Alguns países usam este recurso contra ataques a banhistas, mas o impacto ambiental é alto, assim como o custo

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Por Agencia Estado
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O australiano Matthew Broadhust, e o sul-africano Geremy Cliff, especialistas em tubarões, não recomendam o uso de redes de proteção em praias com ocorrência de ataques a banhistas, como é o caso de Pernambuco. Embora seus países adotem esta medida, eles a consideram de alto custo e grande impacto ecológico. Os especialistas participam do 2.º Workshop Internacional sobre Tubarões, em Pernambuco. O norte-americano George Burgess, da Universidade da Flórida, frisou que a rede "está ultrapassada" e é antiecológica, porque mata tubarões e também golfinhos, tartarugas e outras espécies. Os Estados Unidos não usam este equipamento. Burgess defende a conscientização da população, com foco nos jovens e crianças, além de vigilância permanente nas praias e socorro imediato às vítimas. Os participantes do evento destacaram que o objetivo não é extinguir os tubarões, que são fundamentais para o equilíbrio do meio-ambiente marinho. Sem solução imediata O presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões, Fábio Hazin, disse que não se deve esperar uma solução imediata do encontro para resolver o problema dos ataques de tubarões em Pernambuco. O Estado tem o maior índice de mortalidade por número incidentes - do total de 44 ataques a surfistas e banhistas desde 1992, 16 morreram. Cinco dos ataques foram registrados neste ano, com duas mortes. A afirmação do especialista foi em resposta às críticas dos integrantes do Projeto Praia Segura, que reúne surfistas e vítimas de ataques. O movimento, coordenado por Sérgio Murilo Filho, reivindica indenização para as vítimas, além de medidas urgentes para acabar com os ataques, como a colocação de redes de proteção nos pontos de maior risco (nas praias urbanas de Boa Viagem e Piedade) e bóias eletromagnéticas. Nada resolvido Murilo questionou a realização do workshop, ao destacar que um, nos mesmos moldes, ocorreu em 1995 (quando houve grande incidência de ataques) e desde então, nada foi resolvido e os ataques continuaram acontecendo. Três sobreviventes de ataque de tubarões participaram do encontro, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Entre eles, o ambulante Walmir Pereira da Silva, 18 anos, que perdeu a mão e a perna esquerdas quando tomava banho com água na cintura na praia de Piedade, município metropolitano de Jaboatão dos Guararapes, no dia 23 de maio. O II Workshop termina nesta sexta, com recomendações para a prevenção e combate aos ataques. Hazin frisou que a solução será "construída" por todos os envolvidos - governo e sociedade - e implica ações permanentes, não apenas providências durante as fases de maior incidência de ataques.

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