
30 de janeiro de 2008 | 08h51
Cientistas canadenses descobriram, acidentalmente, um mecanismo que pode elucidar os mistérios do funcionamento da memória e ajudar no tratamento de algumas doenças, revelou um estudo divulgado nesta terça-feira, 29, pela revista Annals of Neurology. A descoberta ocorreu quando os cientistas realizavam uma prospecção cirúrgica no cérebro de um homem de 50 anos que tentava reduzir seu apetite e neutralizar sua crescente obesidade. Para isso, utilizaram uma técnica já bem-sucedida conhecida como "estimulação cerebral", na qual são inseridos eletrodos e certos setores de cérebro são estimulados mediante uma pequena carga elétrica. Esta "estimulação cerebral" é aplicada há mais de dez anos para tratar vários transtornos, incluindo a depressão. Mas, em vez de perder o apetite, o homem lembrou com detalhes fatos ocorridos há 30 anos, e os testes posteriores demonstraram que tinha aumentado de forma considerável sua capacidade de aprendizagem. Segundo os cientistas do Toronto Western Hospital, de Ontário, a técnica já está sendo aplicada no tratamento de pacientes que sofrem com o Mal de Alzheimer, doença neurológica progressiva e incurável. Segundo Andrés Lozano, professor de neurocirurgia do hospital, esta é a primeira vez que se consegue aumentar a capacidade da memória de uma pessoa que recebeu eletrodos em seu cérebro. O médico admitiu que a mudança no paciente - que pesava 190 quilos - surpreendeu a equipe que participava da operação. Segundo Lozano, esta descoberta "acidental" pode ter importantes implicações no campo da neurocirurgia. "A descoberta nos dá mais conhecimento sobre as estruturas cerebrais ligadas à memória. Além disso, nos permite aplicá-la - como já fizemos - em casos do Mal de Parkinson e no tratamento de transtornos emocionais, como a depressão. E poderia, ainda, ter um benefício terapêutico em pessoas com problemas de memória", indicou. Os cientistas assinalaram que o método de "estimulação cerebral" está sendo usado em testes clínicos com seis pacientes de Alzheimer em Etapa I, e três deles já receberam os eletrodos. Estes eletrodos, considerados um "marcapasso cerebral", fornece um estímulo elétrico de nível tão baixo e constante que é imperceptível ao paciente, segundo assinalaram.
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