Estudo chinês documenta mortes por nanotecnologia

Sete mulheres ficaram doentes, e duas morreram, depois de inalar partículas de 30 nanômetros

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Por Reuters
Atualização:

Sete jovens chinesas sofreram danos permanentes aos pulmões e duas delas morreram depois de trabalhar durante meses, sem proteção, numa fábrica que tintas que usava nanopartículas, informam cientistas chineses. Eles afirma que o seu estudo é o primeiro a documentar malefícios causados por nanotecnologia na saúde humana. Testes com animais já haviam mostrado o risco das nanopartículas para os pulmões de ratos.

 

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"Esses casos trazem a preocupação de que exposição prolongada às nanopartículas, sem medidas de proteção, possa estar relacionada a danos graves aos pulmões humanos", escreveu Yuguo Song, do departamento de medicina ocupacional e toxicologia clínica do Hospital Chaoyang de Pequim, em artigo publicado no European Respiratory Journal.

 

Mas um especialista do governo americano afirmou que o estudo é mais uma demonstração de perigos ocupacionais do que evidência de que nanopartículas seriam mais perigosas que outros produtos usados na atividade industrial.

 

A nanotecnologia é uma indústria importante. Um nanômetro é um bilionésimo de um metro, e nanopartículas medem de 1 a 100 nanômetros.

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Essa tecnologia é usada em produtos como artigos esportivos, pneus, cosméticos e revestimentos. Estima-se que esse mercado movimentará US$ 1 trilhão até 2015.

 

"O diâmetro diminuto significa que podem penetrar as barreiras naturais do corpo, particularmente por contato com pele machucada ou por inalação ou ingestão", escreveram Song e colegas.

 

Eles disseram que as sete mulheres trabalharam de cinco a 13 meses na fábrica, jateando tinta em placas de poliestireno antes de começarem a apresentar dificuldades respiratórias e marcas vermelhas no rosto e nos braços.

 

Elas inalaram fumaça e vapores que continham nanopartículas enquanto trabalhavam na fábrica, disse Song.

 

Segundo o artigo, médicos encontraram um excesso de fluido nas cavidades em torno dos pulmões e do coração das mulheres.

 

O tecido dos pulmões continha nanopartículas de cerca de 30 nanômetros de diâmetro - o que bate com o material que autoridades sanitárias encontraram na fábrica.

 

Duas das mulheres morreram depois de dois anos trabalhando na fábrica, e as outras cinco não apresentaram melhora, embora não lidem mais com nanopartículas. É impossível remover esses materiais uma vez que tenham penetrado nas células pulmonares, disse Song.

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Allen Chan, um patologista da Universidade Chinesa de Hong Kong, que não tomou parte no estudo, disse que o resultado é significativo, e que demonstra que os trabalhadores precisam de proteção ao lidar com nanotecnologia.

 

Clayton Teague, que chefia o Gabinete Nacional de Coordenação de nanotecnologia dos Estados Unidos, destacou que as mulheres afetadas trabalhavam com uma pasta que continha  nanopartículas numa sala pequena, sem ventilação, e só usavam máscaras de proteção ocasionalmente. "Pelo que sabemos, essa tragédia poderia ter sido evitada com técnicas adequadas de higiene industrial".

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