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Estudo francês investiga predisposição genética para formas graves da covid-19

Casos são considerados raros, mas especialistas já identificaram uma série de genes associados as formas graves da doença em jovens

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Por Redação
Atualização:

Um grupo de pesquisadores da França estudam casos de pessoas com predisposição genética para desenvolver os quadros mais graves da covid-19. Eles são jovens, com boa saúde e ainda assim morrem ou precisam ser hospitalizados por conta da doença. São casos raros, mas os especialistas já identificaram uma série de genes associados ao aparecimento de formas graves do coronavírus.

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A grande maioria das pessoas que morrem de covid são idosos. E aqueles que também são gravemente afetados e são mais jovens sofrem de outros problemas, como obesidade ou diabetes. Entretanto, os pesquisadores também investigam aqueles que, a princípio, não são considerados do grupo de risco.

Os resultados mais recentes apontam que os casos graves entre pacientes jovens sem problemas de saúde são causados pela existência de um gene chamado ADAM9. Essa é, no entanto, apenas uma das explicações. “As pesquisas conseguiram reunir com uma velocidade impressionante uma mina de informações sobre o papel dos fatores genéticos no covid-19”, destacou em outubro um estudo que sintetiza os principais trabalhos sobre o assunto, na revista EBioMedicine.

Paciente é atendido por profissional no Hospital Municipal da Bela Vista, em São Paulo. Pesquisadores franceses investigam predisposição genética para formas graves da covid-19 Foto: Taba Benedicto/Estadão - 14/06/2021

As principais pesquisas relacionadas à predisposição genética para covid-19 são de duas categorias. A primeira compara os genomas de milhares de pessoas, classificados em três categorias: pessoas gravemente doentes, moderadamente doentes e saudáveis. Um cruzamento aleatório dos dados revela elementos repetitivos entre as formas graves de covid-19.

No final de 2020, os pesquisadores descobriram, por exemplo, que havia pacientes graves com covid-19 que apresentavam um determinado pedaço de DNA, em uma região do cromossomo 3, que é mais comum em algumas populações no sul da Ásia. Isso explicaria as mortes mais frequentes por covid-19 naquela região, afirmam.

Entretanto, os cruzamentos de dados realizados na pesquisa ainda são muito vastos. Os especialistas ainda não conseguiram entender por que um gene precisou atuar sobre a doença. Além disso, as análises detectam apenas mutações genéticas muito comuns.

A segunda categoria de estudos visa corrigir isso. Em vez de realizar o cruzamento de dados aleatoriamente, eles escolhem e partem de uma mutação genética específica. 

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Esse viés deu um dos resultados mais importantes sobre o assunto. Os pesquisadores descobriram o gene TLR7, cujas mutações afetam a resposta imune inicial à infecção. "Escolhemos genes cuja mutação sabíamos que causava gripe severa ou doenças como a encefalite viral", disse à AFP o geneticista francês Laurent Abel, co-diretor do estudo publicado em agosto.

A descoberta é importante porque as mutações TLR7 aparecem com frequência em pacientes do sexo masculino que adoeceram gravemente com o coronavírus, em comparação com o resto da população.

Combate à doença

Segundo os especialistas envolvidos no estudo, é impossível identificar pessoas com risco genético antes de adoecerem. O que essas pesquisas permitem é "enfatizar os circuitos e vias da resposta imune que são realmente importantes", explicou o geneticista Laurent Abel.

A mutação do gene TLR7 é conhecida por impedir o corpo de reagir adequadamente a certas proteínas, os interferons, que são cruciais na resposta imunológica. Por esse motivo, o estudo sugere um tratamento anticovid à base de interferon, mesmo que os ensaios clínicos não tenham sido favoráveis até o momento. /AFP

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