Estudo indica que humanos têm 'evolução acelerada'

Estudo diz que humanos evoluíram 100 vezes mais rápido nos últimos 5 mil anos.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil
Atualização:

A espécie humana evoluiu em uma taxa cem vezes mais alta nos últimos cinco mil anos que em qualquer outro período, e como conseqüência, os seres humanos estão geneticamente mais diferentes uns dos outros, sugere um estudo realizado por cientistas americanos e publicado nesta segunda-feira. Segundo os pesquisadores da Universidade de Winsconsin-Madison, entre as principais causas da aceleração no processo evolutivo estaria a mudança demográfica, reforçada pela mudança no meio ambiente. O estudo aponta que processos migratórios e o crescimento populacional podem ter influenciado a adaptação dos seres humanos, como a resistência a epidemias. "Consideramos que o crescimento demográfico humano está relacionado com as mudanças ocorridas na cultura humana e no meio ambiente. Ambos os processos contribuíram para a rápida evolução crescente da nossa espécie", diz o estudo. A pesquisa aponta que a aceleração na evolução humana verificada através do estudo é uma das mais radicais já registradas. "Nós somos geneticamente mais diferentes das pessoas que viviam há cinco mil anos do que eles eram do Homem de Neandertal (que viveu entre 350 mil e 25 mil anos atrás)", diz o estudo. A pesquisa, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, analisou dados disponíveis no International HapMap, mapa internacional de haplótipos, que relaciona diferenças entre seres humanos de vários continentes. Para o estudo, os cientistas analisaram a formação genética de 270 pessoas de quatro regiões: chineses, africanos iorubás, japoneses e norte-europeus. Liderados por John Hawks, os cientistas afirmam que as etnias estão se tornando geneticamente mais distintas. De acordo com o estudo, "pelo menos 7% dos genes humanos sofreram evolução recentemente". Apesar disso, o estudo sugere que a diferença entre os continentes deve ser reversível, já que a tendência é que as populações futuras sejam ainda mais mescladas. Para indicar a diferença entre a formação genética, os cientistas citam a lactase, enzima que ajuda a digerir o leite. Segundo o estudo, a maioria dos chineses e africanos não consegue digerir a lactose no leite, enquanto os europeus desenvolveram um gene resistente a enzima. Para os pesquisadores, o clima frio da região foi crucial para esta diferença, já que em regiões frias as pessoas produzem menos vitamina D, essencial para absorção de cálcio. Por isso, "a capacidade de digerir leite por toda a vida fez as pessoas em regiões mais frias serem mais saudáveis", diz o estudo. A pesquisa aponta que no futuro, a aceleração pode provocar ainda outra mudança genética, relacionada à fertilidade. O estudo aponta, por exemplo, que o número crescente de pessoas que decidem ter filhos com idade mais avançada pode influenciar os genes que impedem os seres humanos de ficarem férteis por mais tempo, tornando-os cada vez mais raros. De acordo com a pesquisa, a tendência a começar uma família com idade mais avançada pode guiar o processo evolutivo. "As pessoas estão tendo problemas com a infertilidade. Por isso, qualquer variação genética que aumente o sucesso da fertilidade com idade avançada será selecionada", diz o estudo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.