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EUA tiram da ONU diretor de Mudanças Climáticas

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo dos Estados Unidos faz mais uma vítima no sistema multilateral e deixa claro que irá se opor a todos que não defenderem seus interesses. Nesta sexta-feira, o governo norte-americano conseguiu evitar que o atual diretor do Painel Interestatal sobre Mudanças Climáticas, Robert Watson, conseguisse a reeleição, sendo substituído pelo indiano Rajendra Pachauri, ligado ao setor petrolífero. O organismo, formado por quase 2 mil cientistas, é responsável pela elaboração de relatórios que orientam as políticas climáticas dos países e as recomendações devem ser seguidas por todos os governos. Watson, que é norte-americano, teria desagradado o setor de petróleo dos Estados Unidos ao publicar um relatório indicando que o as empresas do país não teriam adotado as medidas necessárias para evitar a poluição do ar em seu processo de refinamento. Um fax de 6 de fevereiro de 2001, enviado pela Exxon-Mobil à Casa Branca e obtido pela Agência Estado, aponta que o setor privado já questionava naquela época se Watson poderia ser excluído do organismo por meio de uma intervenção dos Estados Unidos. "Watson pode ser substituído à pedido dos Estados Unidos?", questionava a Exxon. Hoje, diante da pressão da Casa Branca, Watson desistiu de permanecer no cargo e a direção da entidade foi à votação em Genebra. Um dos candidatos era o brasileiro José Goldenberg, mas que não era apoiado por Washington. O vencedor foi Pachauri, que mesmo não sendo um cientista da área climática, foi preferido pelos Estados Unidos (e por seus aliados) por já ter trabalhado no setor petrolífero. Bustani Para muitos diplomatas, os acontecimento em Genebra são um anúncio do que ocorrerá neste sábado domingo em Haia. Os 145 países que fazem parte da Organização para a Proscrição de Armas Químicas (Opaq) se reúnem para decidir o futuro do brasileiro José Maurício Bustani como diretor da entidade. A Casa Branca acusa o brasileiro de má-administração da organização. Nos corredores da Opaq, porém, a informação é de que Bustani estaria sendo um obstáculo nas intenções dos Estados Unidos de atacar o Iraque. Em uma tentativa de mostrar apoio à Bustani, o Brasil anunciou o pagamento da contribuição financeira à Opaq. "Para nós, isso é um sinal de apoio por parte do governo brasileiro", afirmou o porta-voz de Bustani, Gordan Vachon. Apesar dos problemas tradicionais que o País tem para pagar os compromissos financeiros com organizações internacionais, o Brasil depositou ? 1,2 milhões no caixa da entidade. Hoje, em entrevista à BBC, o diplomata norte-americano John Bolton foi claro: "temos apenas um objetivo em mente: remover Bustani para proteger a integridade e eficácia da Opaq". Segundo Bolton, os Estados Unidos ainda não tem um candidato para substituir o brasileiro. Para Jean-Nicolas Gilliquet, um dos inspetores da Opaq, o problema não é a administração de Bustani, mas a falta de recursos da organização. Apesar do pagamento das cotas do Brasil, China, Grã-Bretanha e Rússia, a entidade tem em caixa apenas 39,3% do que necessitaria para cumprir o mandato neste ano e que apenas 66 países dos 145 membros pagaram a contribuição em 2002.

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