EUA vão plantar recorde de soja e milho transgênicos

O USDA estimou que 74% da área nacional de soja, 71% da área de algodão e 32% da área de milho serão plantadas com sementes transgênicas. Os números são maiores que os 68%, 69% e 26%, respectivamente, do ano-safra passado

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os produtores norte-americanos vão plantar um volume recorde de sementes de milho e soja geneticamente modificadas nesta primavera (Hemisfério Norte), informou, nesta quinta-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). De acordo com o relatório, a controvérsia em torno do plantio de transgênicos aparentemente não diminuiu o desejo de produtores que buscam os benefícios das safras geneticamente alteradas. O USDA estimou que 74% da área nacional de soja, 71% da área de algodão e 32% da área de milho serão plantadas com sementes transgênicas. Os números são maiores que os 68%, 69% e 26%, respectivamente, do ano-safra passado. Milho e soja O USDA estima um crescimento de 913.000 acres na área total de milho para 79,05 milhões de acres. Desse total, 25,3 milhões de acres devem ser de milho transgênico, o que representa um aumento de 5 milhões de acres no ano. Da mesma forma, o USDA prevê um crescimento de 3,3 milhões de acres na área de soja transgênica para 54 milhões de acres, dentro dos 73 milhões de acres totais estimados para a soja em 2002/2003. Algodão As expectativas de redução na área plantada de algodão devem reduzir o total de algodão geneticamente modificado, apesar de a maior parte da safra ser transgênica. O USDA projetou a área de algodão em 14,8 milhões de acres, em comparação com os 15,8 milhões de acres de 2001/2002. Desta forma, a área de algodão transgênico deve ter um declínio de 400 mil t para 10,5 milhões de acres. Maior aceitação As expectativas de aumento da área plantada de milho e soja transgênicos surpreenderam Leonard Gianessi, do Centro Nacional para Política Alimentar e Agrícola. Gianessi disse que a aprovação do algodão transgênico na Índia nesta semana indica que a aceitação global dos alimentos geneticamente alterados está crescendo. Da área de milho transgênico estimada para este ano, o USDA disse que cerca de 2 terços serão de milho com o "bacillus Thuringiensis", também conhecido por gene Bt. Essa variedade de milho é resistente ao ataque de lagartas européias, que costumavam danificar anualmente milhões de dólares em milho norte-americano antes da implementação do Bt em 1996. Gianessi disse ainda que não está surpreso com a idéia de que os produtores vão plantar mais milho Bt neste ano, já que o inverno ameno pode ajudar na proliferação da peste. "Produtores acreditam que terão problemas se não usarem o Bt neste ano", disse Gianessi. Herbicidas O milho resistente a herbicidas vai responder por 8% da área plantada de milho, em comparação com os 7% do ano passado. Ao mesmo tempo, Gianessi disse que se surpreendeu com o aumento estimado para a área de soja transgênica, considerando as novas regras de importação da China, as quais, na opinião de alguns analistas, podem reduzir as exportações da soja dos EUA para o gigante asiático. Gianessi disse ainda que não está seguro de que a safra de soja dos EUA vai chegar a ser totalmente transgênica um dia porque é difícil prever a evolução das safras e do plantio. As primeiras variedades de soja transgênica foram introduzidas há 5 anos. "O herbicida de soja mais popular há 40 anos nem está mais no mercado", observou o analista. Pesquisas No entanto, levando em conta a popularidade da soja geneticamente modificada, Gianessi disse que os estudos de híbridos tradicionais podem diminuir, abrindo um caminho ainda maior para a área de soja transgênica. "Uma das minhas preocupações é que, com a popularidade desses produtos, haverá uma redução na pesquisa de herbicidas e pesticidas tradicionais", afirmou ainda Gianessi. Apesar da surpresa de Gianessi com o tamanho da área de soja modificada, Michael P. Phillips, diretor-executivo para alimentos e agricultura da Organização da Indústria de Biotecnologia, disse que não se surpreendeu com o relatório, na medida em que reflete a continuidade da alta confiança dos produtores norte-americanos nas sementes melhoradas pela biotecnologia. Ao mesmo tempo, o grupo Greenpeace continua totalmente contrário às safras transgênicas.

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