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Europa fecha acordo para construção de novo foguete lançador de satélites

Foguete Ariane 6 será resposta europeia à construção do competitivo lançador americano Space X

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Por Redação
Atualização:

Ministros dos 20 países membros da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) anunciaram nesta terça-feira, 2, um acordo para a construção do Ariane 6, um novo foguete lançador de 70 metros de altura, que deverá operar a partir de 2020. O acordo, considerado histórico pela direção da ESA, prevê um orçamento de 800 bilhões de euros em dez anos, com metade desses recursos destinados ao Ariane 6.

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O principal objetivo é manter a Europa competitiva na corrida espacial, já que o lançador norte-americano Space X, lançado em 2013, desestruturou o mercado, derrubando os preços em cerca de 30%, com lançamentos avaliados em 60 milhões de dólares. Os principais financiadores serão a França (52%), a Alemanha (22%) e a Itália (12%). O restante será repartido entre a Espanha, a Holanda, a Bélgica, a Suécia e a Suíça. 

Iniciado há 35 anos, o projeto Ariane lançou em 1987 sua última versão, o foguete Ariane 5, que começou a operar em 1996. Desde então, o Ariane 5 fez 62 lançamentos sem nenhuma missão fracassada. Os custos, o entanto, são considerados altos. Segundo a ESA, para ser mais competitivo, o novo foguete não precisará de rupturas tecnológicas, mas sim de uma racionalização dos custos de produção.

Ariane 6 deverá operar a partir de 2020 Foto: AP

Os 400 bilhões de euros dedicados ao Ariane 6 incluem a construção de uma nova estrutura de lançamento na base de Kourou, na Guiana Francesa. Os 400 bilhões de euros restantes serão divididos entre adaptações do Ariane 5 e um apoio financeiro aos lançamentos.

De acordo com a ESA, o Ariane 6 permitirá que os europeus mantenham a supremacia no mercado de lançamento de satélites comerciais e de telecomunicações. Atualmente, mais da metade dos lançamentos são feitos pela Arianespace, empresa francesa que produz e comercializa os foguetes Ariane.

O Ariane 6 terá duas versões: o Ariane 62, dedicado ao mercado institucional e o Ariane 64, para o mercado comercial. O primeiro será equipado com dois propulsores de 120 toneladas, enquanto o segundo terá quatro propulsores, para uma maior capacidade de carga. O Ariane 64 poderá assim transportar dois satélites, um pequeno e um grande, facilitando os emparelhamentos.

O custo do lançamento do Ariane 62 deverá ser de 70 milhões de euros - nas condições atuais do mercado -, enquanto os lançamentos do Ariane 64 custarão 90 milhões de euros.

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Corrida espacial. De acordo com a ESA, a decisão pela construção do Ariane 6 foi tomada depois de dois meses de intensas discussões. Depois de um debate tenso entre França e a Alemanha, o governo alemão finalmente aceitou a proposta francesa de conceber um novo lançador de utilização mais flexível e mais barata, que possa ser utilizado em duas versões de acordo com as necessidades. Até então, a Alemanha defendia uma evolução progressiva do Ariane 5, a fim de limitar riscos industriais. Mas o lançamento do foguete Space X em 2013 influenciou as discussões e levou os alemães a mudarem de ideia. 

Além da concorrência do Space X, a ESA está atenta também à rapidez do desenvolvimento de lançadores fabricados por países emergentes. Em janeiro de 2013, a Coreia do Sul pôs em órbita seu primeiro satélite. Em setembro daquele ano, o Japão lançou um foguete de três estágios levando ao espaço um telescópio. O pequeno foguete, Epsilon-1, é considerado fácil de ser colocado em órbita, abrindo uma nova era de lançadores de baixo custo.

Em dezembro de 2013, a Índia lançou com sucesso uma sonda para a exploração de Marte. No mesmo mês, a China se tornou o terceiro país do mundo a chegar à Lua, fazendo um satélite pousar de forma lenta e controlada na superfície lunar. O programa espacial chinês prevê o lançamento de um laboratório espacial em 2014, uma estação orbital em 2020 e o envio de um homem à lua depois de 2025. 

O sucesso da negociação para o acordo de construção do Ariane 6 também foi influenciado pelo pouso bem sucedido do robô Philae - módulo de pouso da sonda Rosetta, da ESA -sobre o cometa 67P/Tchourioumov-Guérassimenko, a 510 milhões de quilômetros da Terra. No dia 12 de novembro, o Philae se tornou o primeiro artefato feito pelo homem a pousar na superfície de um cometa. O sucesso da missão histórica contribuiu para criar um clima favorável à aprovação do acordo de construção do novo foguete.

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