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Europa lança missão espacial a Vênus

 veja como foi o lançamento (18´)     a missão (em inglês)

Por Agencia Estado
Atualização:

A Agência Espacial Européia (ESA) lançou à 1h33 (horário de Brasília) desta quarta-feira, da base de Baikonur, no Casaquistão, a bordo do foguete russo Soyuz, a sonda européia Venus Express, para uma viagem de 155 dias a Vênus, o segundo planeta mais próximo do Sol. É a primeira missão européia para Vênus e parte de um programa mais extenso de estudo do sistema solar. Os cientistas da missão tiveram de esperar duas horas até receber os primeiros sinais positivos da sonda. A operação de separação do satélite da nave foi feita sem conexão com a Terra, como estava previsto. Durante alguns minutos houve um vazio de comunicações, que provocou certa preocupação entre os especialistas da ESA. No momento previsto o sinal foi recuperado, para alívio do pessoal na base. Imediatamente, os cientistas qualificaram como bem-sucedida a missão de lançamento. Em retrospectiva, pode-se pensar que não há mais novidades por trás da densa atmosfera venusiana. Quatro sondas americanas já estudaram Vênus - a última mapeou 99% de sua superfície - e robôs russos desceram para obter imagens e análises químicas do solo. Mas nem todas as perguntas foram solucionadas. Meio-irmão diferente Meio-irmão da Terra, Vênus foi formado ao mesmo tempo e na mesma parte do sistema solar. O material cósmico que constitui os dois é similar, assim como seu tamanho e massa. Só que as semelhanças param por aí. O planeta apresenta características que não são vistas em nenhum outro integrante do sistema solar. Terra e Vênus têm atmosferas completamente diferentes, com a venusiana composta quase totalmente por dióxido de carbono, mais um pouco de vapor d´água. Tal composição provoca um efeito estufa que faz de Vênus o planeta mais quente das redondezas: 460 C na superfície na região do equador. Segundo Hakan Svedhem, cientista envolvido no projeto, a causa para o aquecimento pode ser algo que não existe mais por lá: água líquida, que evaporada agiu como um gás do efeito estufa. "Então, quando a temperatura subiu ainda mais, as rochas na superfície começaram a emitir dióxido de carbono, que ainda pode levar ao aumento da temperatura", explica. A temperatura é distribuída pelo planeta por ventos que demoram cerca de quatro dias terrestres para circundá-lo. Eles são mais rápidos do que a rotação do planeta, que anda a 6,5 quilômetros por hora. Ou seja: um dia venusiano dura o mesmo que 243 dias terrestres. Perguntas sem resposta Svedhem diz que o foco da missão é mesmo a atmosfera, mas há "muitas perguntas em aberto". Uma delas é a natureza da superfície, uma das mais jovens do sistema solar. "Ela foi completamente modificada há cerca de 500 milhões de anos, quando estava inundada por lava", diz. "Vamos estudar se o processo já terminou ou continua ativo." A Venus Express inova também por gastar pouco, pelo menos comparado com o orçamento geralmente empregado em missões espaciais. Serão gastos US$ 260 milhões (cerca de 22 milhões) para colocar a sonda na órbita de Vênus. A Venus Express partilha muitos instrumentos com a Mars Express, sonda que foi lançada em 2003 para estudar Marte, e com a Rosetta, enviada no ano passado para desvendar um cometa. Só a Rosetta consumiu 1 bilhão. Houve, portanto, economia de dinheiro e tempo. Com isso, a ESA aplica um conceito que era defendido pelo antigo diretor da Nasa (agência espacial americana) Daniel S. Goldin: ´Better, faster, cheaper´ (ou ´melhor, mais rápido e mais barato´). A política gerou o robô Mars Pathfinder, que em 1997 forneceu fotos e dados de Marte por um décimo do orçamento empregado em missões anteriores. A tese agora será defendida pelos europeus.

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