Evolução favoreceu aumento da estatura e raciocínio mais rápido

Estudo publicado na 'Nature' mostra que diversidade genética entre os pais resultou, ao longo do tempo, em filhos mais altos e 'espertos'

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Por Fabio de Castro
Atualização:

SÃO PAULO - A evolução tem deixado os seres humanos com uma estatura maior e um raciocínio mais rápido do que seus ancestrais, de acordo com um novo estudo publicado nesta quinta-feira, 2, na revista Nature. A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, analisou mais de 350 mil indivíduos e revelou que as pessoas são mais altas e têm pensamento mais nítido quando seus pais têm grande diversidade genética - isto é, quando o parentesco entre os pais é muito pequeno.

Segundo os autores, em última instância, todos os seres humanos têm algum grau de parentesco entre si. As novas técnicas genômicas permitem quantificar o grau de parentesco entre os pais de um indivíduo utilizando uma medida conhecida como homozigose genômica ampla.

Os pesquisadores concluíram que grande proximidade genética entre os pais está associada a menor estatura ecapacidade cognitiva e menos capacidade de atenção na escola Foto: Shannon Stapleton/Reuters

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A equipe, coordenada por Jim Wilson, estudou trechos dos genomas nos quais sequências idênticas de cópias de genes haviam sido herdadas do pai e da mãe. Quando poucas desses casos são detectados nos genes de uma pessoa, isso indica que há grande diversidade genética e, assim, é improvável que os pais tenham algum parentesco distante. Entre os indivíduos com menos diversidade genética, os cientistas buscaram características ligadas à saúde pública.

Os pesquisadores concluíram que a grande proximidade genética entre os pais está associada a uma menor estatura, menor capacidade cognitiva e menos capacidade de atenção nas atividades escolares. De acordo com eles, os filhos de primos de primeiro grau, por exemplo, são em média 1,2 centímetro mais baixos e têm déficit educacional de 10 meses em relação aos filhos de casais com mais diversidade genética.

Segundo os autores, o parentesco próximo entre os pais é há muito tempo associado com doenças genéticas raras - e Charles Darwin foi um dos primeiros a reconhecer que a endogamia reduz a aptidão genética. No entanto, na análise, as únicas características afetadas pela diversidade genética foram a estatura e a capacidade de pensar rápido.

"A descoberta sugere que, ao longo do tempo, a evolução favoreceu, por seleção positiva, que as pessoas aumentassem sua estatura e sua capacidade de pensar com mais nitidez. Mas a baixa diversidade não demonstrou ter impacto na propensão para desenvolver doenças sérias", apontou o artigo.

"A nossa pesquisa destaca o poder das análises genéticas de larga escala para descobrir informações fundamentais sobre nossa história evolutiva", disse Jim Wilson, autor principal do estudo.

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De acordo com outro dos autores, Peter Joshi, "a pesquisa responde questões que foram feitas pela primeira vez por Charles Darwin a respeito dos benefícios da diversidade genética". "Nosso próximo passo será estudar partes específicas do genoma que mais se beneficiam dessa diversidade."

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