Expedição garimpa criaturas raras no fundo do Atlântico

Cientistas registram imagens e coletam criaturas que vivem a até 4 mil metros de profundidade. Trabalho é parte do Censo da Vida Marinha

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Após dois meses no mar, estudando a biodiversidade marinha em profundidades que chegam a 4 mil metros, cientistas a bordo de um navio norueguês aportaram nesta quinta-feira em Bergen, na Noruega, trazendo mais de 80 mil espécimes. Entre elas, esperam encontrar novas espécies, assim como pistas sobre o estado de saúde dos oceanos. Mais de 60% da superfície do planeta - do qual 70% é coberto de água - está abaixo de 2 mil metros de profundidade, nas chamadas planícies abissais, onde não há vestígio de luz e a pressão é pelo menos 200 vezes maior do que na superfície. Ainda assim, há um enormidade de espécies que habitam esses ambientes, muito pouco explorados pelo homem. "Temos mapas melhores da Lua e de Marte do que do fundo do oceano", diz o pesquisador Ron O´Dor, diretor científico do Censo da Vida Marinha, projeto orçado em US$ 1 bilhão, que envolve 53 países - incluindo o Brasil - e há três anos estuda os ecossistemas submersos. Cordilheira Meso-Atlântica A expedição faz parte do projeto Mar-Eco, que integra o Censo e estuda a biodiversidade em torno da Cordilheira Meso-Atlântica, a cadeia de montanhas submersas que corta o leito do Atlântico e marca a divisão das placas tectônicas da América e da Eurásia. Sessenta cientistas, de 13 países, participaram da pesquisa, que emprega tecnologias de ponta, incluindo robôs que submergem operados por controle remoto (ROVs, em inglês). O material ainda precisa ser estudado e descrito em laboratórios em terra, mas os pesquisadores já identificaram pelo menos 300 espécies de peixes e 50 de lulas e polvos, além de uma infinidade de organismos planctônicos. Criaturas assustadoras De dentro do abismo, as redes e os holofotes dos ROVs revelam criaturas ao mesmo tempo magníficas e assustadoras, incluindo água-vivas luminescentes e peixes de dentes afiados e aparência pouco amigável. Adaptadas à profundidade, elas se alimentam da chuva de detritos orgânicos que cai constantemente das camadas mais rasas - além de umas das outras. Segundo o primeiro inventário do Censo, divulgado no ano passado, há cerca de 210 mil espécies marinhas conhecidas da ciência. Mas o número total pode passar de 2 milhões. Só de peixes, o projeto já catalogou mais de 15 mil e os cientistas esperam chegar a 20 mil até 2010, quando deve terminar o Censo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.